Repensando a comunicação
Edmundo Monteiro, VP da Ampro e da PeopleMais, discute uma nova era que precisa ser repensada
Por Redação - 02/04/2008 Artigos
<p class="titulomateria">Repensando a comunica&ccedil;&atilde;o</p> <p>Por Edmundo Monteiro de Almeida*</p> <p>Hoje j&aacute; n&atilde;o &eacute; mais novidade para ningu&eacute;m. Estamos vivendo um per&iacute;odo de transi&ccedil;&atilde;o t&atilde;o importante quanto o da tecnologia. Ali&aacute;s, o grande receptor de toda essa mudan&ccedil;a. Quando se fala que estamos vivendo uma nova era da comunica&ccedil;&atilde;o, da informa&ccedil;&atilde;o, alguns questionadores mais pragm&aacute;ticos rebatem dizendo que essa nova era da comunica&ccedil;&atilde;o j&aacute; &eacute; um conceito ultrapassado, velho, que o mundo est&aacute; cheio de pseudos movimentos, na sua maior parte pouco sustent&aacute;veis. &Eacute; o velho ditado, o novo hoje &eacute; velho amanh&atilde;.</p> <p>Uma coisa ningu&eacute;m questiona: a import&acirc;ncia, a din&acirc;mica, a interatividade da informa&ccedil;&atilde;o proporcionada pela globaliza&ccedil;&atilde;o atrav&eacute;s do seu principal veiculo, a internet. Neste mundo t&atilde;o superlativo, t&atilde;o pouco preocupado com os excessos, com a preserva&ccedil;&atilde;o, o processo da comunica&ccedil;&atilde;o se torna descart&aacute;vel. Ele se perde ante os excessos e os desperd&iacute;cios da informa&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Sem filtros, aleat&oacute;ria no seu conte&uacute;do, grande parte da informa&ccedil;&atilde;o existente &eacute; desperdi&ccedil;ada. Racionalmente &eacute; imposs&iacute;vel absorver um ter&ccedil;o do que o mundo produz. Desse um ter&ccedil;o temos a banaliza&ccedil;&atilde;o, o fisiologismo, temos as barreiras culturais, sem contar com o desperd&iacute;cio, imensur&aacute;vel, por&eacute;m real, refletido nos modelos e padr&otilde;es culturais.</p> <p>Talvez, neste cen&aacute;rio, a mudan&ccedil;a mais pragm&aacute;tica seja a reinven&ccedil;&atilde;o dos formatos e modelos da comunica&ccedil;&atilde;o, hoje transformados em produtos de massa, ferramentas, projetadas para atender as necessidades das mudan&ccedil;as, tornando-nos cada vez mais dependentes de uma tecnologia mut&aacute;vel e receptiva.</p> <p>&Eacute; a comunica&ccedil;&atilde;o ampliando o seu poder e import&acirc;ncia. <br />&Eacute; a comunica&ccedil;&atilde;o como diferencial criativo. <br />&Eacute; a interatividade viral da comunica&ccedil;&atilde;o disseminando tend&ecirc;ncias. <br />&Eacute; a revolu&ccedil;&atilde;o global e cultural da informa&ccedil;&atilde;o no processo da comunica&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Como num surto end&ecirc;mico, a comunica&ccedil;&atilde;o adquiriu o status de fonte renov&aacute;vel da informa&ccedil;&atilde;o, interagindo direta e indiretamente no nosso cotidiano. Na vida pessoal, na vida acad&ecirc;mica e, principalmente nas empresas, o que vemos acontecer, mesmo nas mais ortodoxas, &eacute; a implanta&ccedil;&atilde;o de um novo estilo, um estilo que privilegia e diferencia a informa&ccedil;&atilde;o como um bra&ccedil;o armado da comunica&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Uma comunica&ccedil;&atilde;o como ferramenta da inova&ccedil;&atilde;o. Pontual, din&acirc;mica, contextual e segmentada. Uma comunica&ccedil;&atilde;o sem limites, indiferente, sem cores ou barreiras. Uma comunica&ccedil;&atilde;o sempre disposta a atender as exig&ecirc;ncias do homem. Este sim, fazendo dela uma arma comportamental, politicamente correta ou n&atilde;o, socializante, democr&aacute;tica, socialista, ateia ou profundamente religiosa.</p> <p>Independentemente do seu uso ou destino, a comunica&ccedil;&atilde;o tem vida pr&oacute;pria, &eacute; um veiculo pluralista, ilimitado no seu uso e propriedades. Um outro fato, este comportamental, que tamb&eacute;m merece destaque, &eacute; o novo conceito &ldquo;Pensar localmente agir Globalmente&rdquo;.</p> <p>Um outro bom exemplo que reflete bem a din&acirc;mica exponencial do processo de comunica&ccedil;&atilde;o e, principalmente, a facilidade e interatividade global, &eacute; exig&ecirc;ncia de um idioma internacional. Um aglutinador, melhor, um facilitador a servi&ccedil;o da informa&ccedil;&atilde;o global e, n&atilde;o somente do mundo dos neg&oacute;cios. Mesmo considerando os estigmas culturais e pol&iacute;ticos do mundo, at&eacute; mesmo a press&atilde;o do mundo Asi&aacute;tico – tomemos como exemplo o Mandarim, cogitado hoje pela import&acirc;ncia que a China representa na economia mundial. A l&iacute;ngua inglesa saiu na frente, ou melhor, adquiriu o direito oficial se afirmar como idioma universal no mundo.</p> <p>&Eacute; a informa&ccedil;&atilde;o plena, sem ru&iacute;dos, sem filtros culturais, sem barreiras. &Eacute; a comunica&ccedil;&atilde;o Global, nas guerras, nos neg&oacute;cios, nas informa&ccedil;&otilde;es, nos esportes, nas tend&ecirc;ncias da moda, nas religi&otilde;es, no cotidiano. A l&iacute;ngua nos transformando em cidad&atilde;os do mundo. Na &Aacute;sia, na Europa, na Am&eacute;rica, em qualquer recanto deste universo, a qualquer hora do dia ou da noite &eacute; nos disponibilizado o acesso irrestrito &agrave; informa&ccedil;&atilde;o.&nbsp; Plena, decodificada, atrav&eacute;s de um idioma universal, em tempo real e gratuitamente.</p> <p>Por fim, outro exemplo impens&aacute;vel de mudan&ccedil;a, ainda que aparentemente n&atilde;o tenha a ver com a comunica&ccedil;&atilde;o, s&oacute; aparentemente, foi a exig&ecirc;ncia de um facilitador na comunica&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica, servindo de base para implanta&ccedil;&atilde;o de uma moeda comum na Europa, o Euro. A unifica&ccedil;&atilde;o de um dos principais valores simb&oacute;licos de um pa&iacute;s, a moeda, &eacute; sem d&uacute;vida a maior quebra de um paradigma cultural.</p> <p>A moeda, al&eacute;m da sua representatividade hist&oacute;rica, do seu peso econ&ocirc;mico, representa valores, &iacute;cones culturais, impens&aacute;veis de serem mudados. Ainda assim, sobre a &eacute;gide da mudan&ccedil;a cultural, da racionalidade da comunica&ccedil;&atilde;o, caiu mais um muro da comunica&ccedil;&atilde;o a servi&ccedil;o da economia global. Salvo a Inglaterra, Su&iacute;&ccedil;a e alguns paises n&oacute;rdicos, o euro virou padr&atilde;o monet&aacute;rio do mercado comum europeu.</p> <p>Na contram&atilde;o dos benef&iacute;cios da socializa&ccedil;&atilde;o, da comunica&ccedil;&atilde;o global, convivemos hoje, democraticamente, de bra&ccedil;o dado, com os malef&iacute;cios da mesma globaliza&ccedil;&atilde;o. Crises sociais, idiossincrasias culturais, destrui&ccedil;&atilde;o do meio ambiente, falta de cidadania, manipula&ccedil;&atilde;o midiatica das massas, absor&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&otilde;es de import&acirc;ncia question&aacute;vel.</p> <p>Ainda que o pre&ccedil;o seja alto os benef&iacute;cios s&atilde;o inquestion&aacute;veis. Neste contexto social, aliado ou n&atilde;o do politicamente correto, quanto mais universais nos tornamos, mais tribalmente agimos. Reflexos da comunica&ccedil;&atilde;o massificada. No mundo m&aacute;gico do sem limites, da informa&ccedil;&atilde;o em tempo real, uma miopia cong&ecirc;nita contraria toda a evolu&ccedil;&atilde;o natural da comunica&ccedil;&atilde;o e nos remete a um processo prim&aacute;rio.</p> <p>A vis&atilde;o, ou melhor, a falta dela, se reflete na fragmenta&ccedil;&atilde;o, na subcultura da comunica&ccedil;&atilde;o de massa. Estamos vivendo a liberaliza&ccedil;&atilde;o da informa&ccedil;&atilde;o. Pessoas podem at&eacute; n&atilde;o entender toda a import&acirc;ncia da informa&ccedil;&atilde;o, do aculturamento global, da comunica&ccedil;&atilde;o online, por&eacute;m, elas sabem que o que tinham, ou, em alguns casos o que t&ecirc;m, n&atilde;o serve mais. Vivemos, portanto, um per&iacute;odo focado na concretiza&ccedil;&atilde;o da lideran&ccedil;a da informa&ccedil;&atilde;o, temos tecnologia da informa&ccedil;&atilde;o, mas, falta-nos a cultura da informa&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Paradoxalmente, mesmo com redes de informa&ccedil;&atilde;o de extrema efici&ecirc;ncia, o passado teima em estar presente no nosso cotidiano. Se n&atilde;o vejamos, o boato, a manipula&ccedil;&atilde;o, a nossa famosa R&aacute;dio Pi&atilde;o, continua sorridente na contram&atilde;o da hist&oacute;ria. Firmemente implantada nas organiza&ccedil;&otilde;es, convivendo e competindo com a informa&ccedil;&atilde;o oficial, a informa&ccedil;&atilde;o informal teima com um ran&ccedil;o cultural, uma sobreviv&ecirc;ncia, esta milenar. Atentem: isto n&atilde;o &eacute; prerrogativa dos pa&iacute;ses chamados de terceiro mundo, de empresas privadas e estatais, de multinacionais, de minist&eacute;rios, de governos, de for&ccedil;as militares e p&uacute;blicas. &Eacute; cultural, &eacute; como um surto end&ecirc;mico est&aacute; implantada na sociedade.</p> <p>Estamos vivenciando o surgimento de uma nova esp&eacute;cie de consci&ecirc;ncia social, o futuro sendo comandado pelas redes neurais da informa&ccedil;&atilde;o. Um tipo de comunica&ccedil;&atilde;o baseado em grande parte no conhecimento inteligente. Novos materiais, novas t&eacute;cnicas, chips, Intelig&ecirc;ncias artificiais, softwares, sofisticados computadores, interatividade constante, tudo dispon&iacute;vel em tempo real, &eacute; a democratiza&ccedil;&atilde;o do conhecimento. Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pode competir em igualdade de circunst&acirc;ncias, independentemente da ra&ccedil;a, sexo, pa&iacute;s ou poder econ&ocirc;mico, dependendo apenas do seu grau de conhecimento e informa&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Pergunta-se: os recursos naturais, a sustentabilidade econ&ocirc;mica est&aacute; fora da equa&ccedil;&atilde;o competitiva? Na verdade n&atilde;o. A falta de recursos pode at&eacute; ser considerada vantagem competitiva, parece estranho, mas tudo depende da capacidade criativa, da capacidade mental, da informa&ccedil;&atilde;o e, acima de tudo da efici&ecirc;ncia da comunica&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Apostando na megatend&ecirc;ncia atual, a ferramenta competitiva dominante do s&eacute;culo XXI ser&aacute; a educa&ccedil;&atilde;o, nem sempre proporcional aos recursos dispon&iacute;veis. Estamos evoluindo da comunidade auto-sustent&aacute;vel, de uma, produ&ccedil;&atilde;o limitada de recursos, e caminhando para economia digital, para um mundo de nichos basicamente tecnol&oacute;gico, um mundo onde o poder unipolar do conhecimento &eacute; a pr&oacute;xima e grande arma pol&iacute;tica e econ&ocirc;mica do mundo.&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</p> <p>* Edmundo Monteiro de Almeida &eacute; Vice-Presidente da Ampro e S&oacute;cio-Diretor da PeopleMais.</p>