Acredito que a arte é a mais poderosa ferramenta de comunicação humana. A forma mais intensa de se conectar com o outro e, também, de registrar o momento que vivemos. Mas o que isso tem a ver com marcas, você pode estar se perguntando? Tudo. O propósito (e acompanhar a evolução do comportamento social) é fundamental para garantir o presente e o futuro das empresas.
Um bom exemplo que reflete o nossa intensa vida atua é a 59ª Bienal de Veneza. Depois do adiamento no ano passado, este grandioso evento chega em um momento em que todos estamos ansiosos por estarmos juntos, ver pessoas de outras localidades, vivenciar um ambiente coletivo, olhar para frente de uma outra maneira, recuperar a esperança e… refletir sobre a nossa responsabilidade sobre tudo o que vivemos nestes últimos anos. Sim, estou falando da pandemia, mas sobre uma perspectiva muito mais ampla.
Aliás, ampliar a nossa forma de perceber o mundo é o convite da Bienal de Veneza, que recebe o título de “The Milk of Dreams”. Então recomendo que você veja as manifestações que estão acontecendo por lá e reflita sobre como as marcas podem ser engajadas, ativista ou, sensivelmente, servir (quando necessário) como um lugar de refúgio. Veja alguns exemplos. Na exposição, é possível reconhecer a atenção dos artistas ao momento presente. Muitos estão levando em consideração a nossa relação com a tecnologia, parte otimistas, outros nem tanto assim. Há os que divagam sobre como seria a vida se fosse possível recomeçarmos a nossa história com a cultura indígena predominante. Seríamos mais naturais? Mais livres? Li, ainda, sobre obras que sugerem como seria uma sociedade centrada nas mulheres. Isso para citar apenas alguns dos muitos exemplos de abordagens bastante atuais. Ah… alguns, mais radicais, nos convidam a refletir sobre como seria a terra sem os seres humanos.
Pense comigo: assim como, idealmente, deveriam fazer as organizações diante do seu público-alvo, a Bienal de Veneza demonstra estar genuinamente em sintonia com a realidade da sociedade e disposta a contribuir, de alguma forma, para a promoção de temas importantes. Prova disso é que, além da abordagem aos temas que citei acima, ao olhar a organização do evento, é possível notar que, não por acaso, entre os mais de 200 artistas que estão expondo, a maioria são mulheres e 80% do total estão tendo a primeira oportunidade de participar de uma exposição internacional. Isso é dar voz a um novo tempo.
Para fechar (ou abrir para outra direção) acrescento um importante fato histórico: a Bienal de Veneza é realizada a cada dois anos desde 1895. Ao longo desse período, apenas três edições tiveram suas datas adiadas e, coincidentemente, por motivos que transformaram a sociedade globalmente: Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial e… a Pandemia. Por essa razão, no meu entender, a edição de 2022 é um convite para rediscutirmos a realidade, um posicionamento que acredito ser muito útil para marcas que desejam divulgar seus produtos ou serviços enquanto criam conexão com as pessoas e impulsionam a evolução da sociedade.
Em um momento de tanto pessimismo, de polarização e de discursos ditadores, ações bem-intencionadas como a Bienal surgem para despertar o nosso lado humano, nos lembrar que podemos aprender e evoluir com as situações ao nosso redor, nos transformando de maneira muito positiva (se estivermos abertos para isso). Aceite o convite da arte: seja o reflexo mais inspirador para o nosso presente e futuro.