<p><img alt="" align="right" width="250" height="270" src="/images/materias/Renato-Meirelles_atualuxo(1).jpg" />Mais anos de estudos, maior participação no mercado de trabalho e aumento do poder de compra. Estes pontos descrevem o perfil da mulher da classe C, que em 2036 compartilhará igualmente com os homens as despesas domésticas, segundo o Data Popular. A projeção está ligada ao crescimento de renda feminino da chamada nova classe média brasileira nos últimos cinco anos. Enquanto, as mulheres registraram uma elevação de 25,6% no período, os homens apresentaram uma expansão de apenas 15,1%.</p> <p>O levantamento esboça ainda um crescimento maior do grupo social para 2014, somando um total de 58,3% do povo brasileiro, contra os 53,9% atuais. “Hoje há uma participação de 40% das mulheres e 60% dos homens em casa, mas daqui a 25 anos existirá uma situação equilibrada, 50% a 50%, na classe C”, declara Renato Meirelles, Diretor do Data Popular, em entrevista ao Mundo do Marketing.</p> <p>No geral, juntas, as mulheres brasileiras deram um salto na sua renda, que passou de R$ R$ 519,3 bilhões para R$ 679,5 bilhões, um aumento de 30,8%. No mesmo período, os homens elevaram os seus ganhos em apenas 22,7%, saindo de R$ 868,3 bilhões para R$ 1,065 trilhão. Apesar das diferenças salariais entre os gêneros serem ainda altas, na nova classe média, esta barreira vem se estreitando, com a aproximação entre o valor das rendas feminina e masculina.</p> <p><strong>O que este novo consumidor deseja?</strong><br /> Não é mais novidade que o poder de consumo da classe C aumentou, mas a maior protagonista deste crescimento é a mulher, que passou a investir mais em educação e na sua aparência. De 2004 a 2009, o crescimento da escolaridade do público feminino da nova classe média foi de 65% no nível superior ou acima, o que demonstra a importância do estudo para esta mulher.</p> <p>O consumo de produtos de beleza foi outro fator importante na construção do perfil da consumidora. Os gastos com cosméticos e derivados, de 2002 a 2010, passaram de R$ 6 bilhões para R$ 19,7 bilhões entre as compradoras da classe C, ao passo que as do topo da pirâmide aumentaram seu consumo de R$ 12,2 bilhões para R$ 15,8 bilhões. Da classe C feminina, 70% acreditam que quem cuida da aparência tem mais chances de sucesso, tanto que 66% delas buscam realizar refeições mais saudáveis e balanceadas e 39% desejam emagrecer.</p> <p>Além dos cuidados pessoais, as mulheres começaram a investir também na compra de automóveis. “Seis em cada 10 homens admitem que a mulher seja a responsável pelas finanças domésticas. Outro ponto que chama atenção é que a mulher escolhe o carro pela potência do veículo”, expõe Meirelles, em entrevista ao portal.</p> <p><strong>Como conquistar este novo público</strong><br /> Se há alguns anos, as mulheres da nova classe média sonhavam com computador, casa própria, universidade e viagem de avião, atualmente as ambições vão além. Com maior poder de compra nas mãos, as consumidoras desejam conquistar uma casa na praia, viajar mais, home theater e o próprio negócio. Há ainda uma previsão de que, em 2014, os desejos se tornem maiores, como uma pós-graduação e viagem internacional.</p> <p>As marcas, no entanto, parecem não ter enxergado o potencial de consumo dessas mulheres e muitas não sabem com se dirigir a este público. As empresas não têm por hábito falar diretamente com esta consumidora, principalmente as companhias responsáveis pelas categorias de automóveis, bebidas e transações bancárias. As estratégias dessas corporações estão longe de se relacionar com a mulher e permanecem com foco no público masculino, que demonstra menor potencial de crescimento e decisão de compra. Para tentar reverter a situação, as marcas precisam conhecer melhor este grupo social e entender o que elas desejam.</p> <p>“Hoje, as empresas erram por princípio básico: a direção de conteúdo para este público. Falam de preço, preço, preço e esquecem de argumentar sobre qualidade. A consumidora da nova classe média quer ouvir informações sobre custo e benefício. As marcas têm que justificar porque elas devem consumir determinado produto e apresentar motivos para que elas indiquem para as amigas”, destaca Meirelles.<br />  <br /> <strong>Distinções de classe social</strong><br /> As mulheres da nova classe média têm ambições diferentes das do topo da pirâmide. As consumidoras desta faixa de renda buscam a independência financeira, por isso estão entrando no mercado de trabalho e aumentando seu grau de escolaridade, enquanto as mulheres da elite social diminuíram a sua participação no mercado e nos estudos.</p> <p>Segundo o estudo do Data Popular, de 2002 a 2010, as mulheres da classe C passaram de 56,3% para 66,4% das universitárias do Brasil. As camadas A e B, entretanto, caíram de 13,2% para 5,6% e de 24,9% para 17,8%, respectivamente. A elite também busca produtos diferentes para o consumo, como smartphones, casa no campo e previdência privada.<br />  <br /> Com mais dinheiro na bolsa, fica evidente o aumento do poder de decisão das mulheres dentro da casa. Hoje, a classe C feminina representa 60% do mercado de trabalho e 70% delas são responsáveis pelas compras domésticas, sendo que 71% das entrevistadas afirmam que planejam antes de comprar.</p> <p><strong>Importância da moradia</strong><br /> Alguns sonhos já se tornaram realidade. A pesquisa mostra que 66% das mulheres da classe C consideram a cozinha a parte mais importante da casa e agora já pensam em planejá-la do seu jeito. Além disso, 62% querem reformar e decorar suas moradias e, para realizar estes objetivos, criam o próprio crédito, poupando dinheiro para urgências e procurando pagar à vista.<br />  <br /> Apenas as mulheres da classe C correspondem a 20% de consumo do mercado. São elas ainda as administradoras dos resultados dos homens. As marcas que entendem as facetas da classe C, como os setores de educação e perfumaria, que já são os produtos que ela mais consome, conseguirão se destacar.</p> <p>“Se hoje uma marca pretende ser líder de mercado, ela tem que olhar com atenção o poder de consumo dessa classe, principalmente para a mulher, que é representante da decisão de compra e dos gastos domésticos”, explica Meirelles, em entrevista ao portal.</p>