Qual o potencial e o que querem as mulheres da classe C
Novo perfil do consumo feminino indica um poder de compra ainda maior
Por Redação - 19/09/2011 Reportagens

<p><img alt="" align="right" width="250" height="270" src="/images/materias/Renato-Meirelles_atualuxo(1).jpg" />Mais anos de estudos, maior participa&ccedil;&atilde;o no mercado de trabalho e aumento do poder de compra. Estes pontos descrevem o perfil da mulher da classe C, que em 2036 compartilhar&aacute; igualmente com os homens as despesas dom&eacute;sticas, segundo o Data Popular. A proje&ccedil;&atilde;o est&aacute; ligada ao crescimento de renda feminino da chamada nova classe m&eacute;dia brasileira nos &uacute;ltimos cinco anos. Enquanto, as mulheres registraram uma eleva&ccedil;&atilde;o de 25,6% no per&iacute;odo, os homens apresentaram uma expans&atilde;o de apenas 15,1%.</p> <p>O levantamento esbo&ccedil;a ainda um crescimento maior do grupo social para 2014, somando um total de 58,3% do povo brasileiro, contra os 53,9% atuais. &ldquo;Hoje h&aacute; uma participa&ccedil;&atilde;o de 40% das mulheres e 60% dos homens em casa, mas daqui a 25 anos existir&aacute; uma situa&ccedil;&atilde;o equilibrada, 50% a 50%, na classe C&rdquo;, declara Renato Meirelles, Diretor do Data Popular, em entrevista ao Mundo do Marketing.</p> <p>No geral, juntas, as mulheres brasileiras deram um salto na sua renda, que passou de R$ R$ 519,3 bilh&otilde;es para R$ 679,5 bilh&otilde;es, um aumento de 30,8%. No mesmo per&iacute;odo, os homens elevaram os seus ganhos em apenas 22,7%, saindo de R$ 868,3 bilh&otilde;es para R$ 1,065 trilh&atilde;o. Apesar das diferen&ccedil;as salariais entre os g&ecirc;neros serem ainda altas, na nova classe m&eacute;dia, esta barreira vem se estreitando, com a aproxima&ccedil;&atilde;o entre o valor das rendas feminina e masculina.</p> <p><strong>O que este novo consumidor deseja?</strong><br /> N&atilde;o &eacute; mais novidade que o poder de consumo da classe C aumentou, mas a maior protagonista deste crescimento &eacute; a mulher, que passou a investir mais em educa&ccedil;&atilde;o e na sua apar&ecirc;ncia. De 2004 a 2009, o crescimento da escolaridade do p&uacute;blico feminino da nova classe m&eacute;dia foi de 65% no n&iacute;vel superior ou acima, o que demonstra a import&acirc;ncia do estudo para esta mulher.</p> <p>O consumo de produtos de beleza foi outro fator importante na constru&ccedil;&atilde;o do perfil da consumidora. Os gastos com cosm&eacute;ticos e derivados, de 2002 a 2010, passaram de R$ 6 bilh&otilde;es para R$ 19,7 bilh&otilde;es entre as compradoras da classe C, ao passo que as do topo da pir&acirc;mide aumentaram seu consumo de R$ 12,2 bilh&otilde;es para R$ 15,8 bilh&otilde;es. Da classe C feminina, 70% acreditam que quem cuida da apar&ecirc;ncia tem mais chances de sucesso, tanto que 66% delas buscam realizar refei&ccedil;&otilde;es mais saud&aacute;veis e balanceadas e 39% desejam emagrecer.</p> <p>Al&eacute;m dos cuidados pessoais, as mulheres come&ccedil;aram a investir tamb&eacute;m na compra de autom&oacute;veis. &ldquo;Seis em cada 10 homens admitem que a mulher seja a respons&aacute;vel pelas finan&ccedil;as dom&eacute;sticas. Outro ponto que chama aten&ccedil;&atilde;o &eacute; que a mulher escolhe o carro pela pot&ecirc;ncia do ve&iacute;culo&rdquo;, exp&otilde;e Meirelles, em entrevista ao portal.</p> <p><strong>Como conquistar este novo p&uacute;blico</strong><br /> Se h&aacute; alguns anos, as mulheres da nova classe m&eacute;dia sonhavam com computador, casa pr&oacute;pria, universidade e viagem de avi&atilde;o, atualmente as ambi&ccedil;&otilde;es v&atilde;o al&eacute;m. Com maior poder de compra nas m&atilde;os, as consumidoras desejam conquistar uma casa na praia, viajar mais, home theater e o pr&oacute;prio neg&oacute;cio. H&aacute; ainda uma previs&atilde;o de que, em 2014, os desejos se tornem maiores, como uma p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o e viagem internacional.</p> <p>As marcas, no entanto, parecem n&atilde;o ter enxergado o potencial de consumo dessas mulheres e muitas n&atilde;o sabem com se dirigir a este p&uacute;blico. As empresas n&atilde;o t&ecirc;m por h&aacute;bito falar diretamente com esta consumidora, principalmente as companhias respons&aacute;veis pelas categorias de autom&oacute;veis, bebidas e transa&ccedil;&otilde;es banc&aacute;rias. As estrat&eacute;gias dessas corpora&ccedil;&otilde;es est&atilde;o longe de se relacionar com a mulher e permanecem com foco no p&uacute;blico masculino, que demonstra menor potencial de crescimento e decis&atilde;o de compra. Para tentar reverter a situa&ccedil;&atilde;o, as marcas precisam conhecer melhor este grupo social e entender o que elas desejam.</p> <p>&ldquo;Hoje, as empresas erram por princ&iacute;pio b&aacute;sico: a dire&ccedil;&atilde;o de conte&uacute;do para este p&uacute;blico. Falam de pre&ccedil;o, pre&ccedil;o, pre&ccedil;o e esquecem de argumentar sobre qualidade. A consumidora da nova classe m&eacute;dia quer ouvir informa&ccedil;&otilde;es sobre custo e benef&iacute;cio. As marcas t&ecirc;m que justificar porque elas devem consumir determinado produto e apresentar motivos para que elas indiquem para as amigas&rdquo;, destaca Meirelles.<br /> &nbsp;<br /> <strong>Distin&ccedil;&otilde;es de classe social</strong><br /> As mulheres da nova classe m&eacute;dia t&ecirc;m ambi&ccedil;&otilde;es diferentes das do topo da pir&acirc;mide. As consumidoras desta faixa de renda buscam a independ&ecirc;ncia financeira, por isso est&atilde;o entrando no mercado de trabalho e aumentando seu grau de escolaridade, enquanto as mulheres da elite social diminu&iacute;ram a sua participa&ccedil;&atilde;o no mercado e nos estudos.</p> <p>Segundo o estudo do Data Popular, de 2002 a 2010, as mulheres da classe C passaram de 56,3% para 66,4% das universit&aacute;rias do Brasil. As camadas A e B, entretanto, ca&iacute;ram de 13,2% para 5,6% e de 24,9% para 17,8%, respectivamente. A elite tamb&eacute;m busca produtos diferentes para o consumo, como smartphones, casa no campo e previd&ecirc;ncia privada.<br /> &nbsp;<br /> Com mais dinheiro na bolsa, fica evidente o aumento do poder de decis&atilde;o das mulheres dentro da casa. Hoje, a classe C feminina representa 60% do mercado de trabalho e 70% delas s&atilde;o respons&aacute;veis pelas compras dom&eacute;sticas, sendo que 71% das entrevistadas afirmam que planejam antes de comprar.</p> <p><strong>Import&acirc;ncia da moradia</strong><br /> Alguns sonhos j&aacute; se tornaram realidade. A pesquisa mostra que 66% das mulheres da classe C consideram a cozinha a parte mais importante da casa e agora j&aacute; pensam em planej&aacute;-la do seu jeito. Al&eacute;m disso, 62% querem reformar e decorar suas moradias e, para realizar estes objetivos, criam o pr&oacute;prio cr&eacute;dito, poupando dinheiro para urg&ecirc;ncias e procurando pagar &agrave; vista.<br /> &nbsp;<br /> Apenas as mulheres da classe C correspondem a 20% de consumo do mercado. S&atilde;o elas ainda as administradoras dos resultados dos homens. As marcas que entendem as facetas da classe C, como os setores de educa&ccedil;&atilde;o e perfumaria, que j&aacute; s&atilde;o os produtos que ela mais consome, conseguir&atilde;o se destacar.</p> <p>&ldquo;Se hoje uma marca pretende ser l&iacute;der de mercado, ela tem que olhar com aten&ccedil;&atilde;o o poder de consumo dessa classe, principalmente para a mulher, que &eacute; representante da decis&atilde;o de compra e dos gastos dom&eacute;sticos&rdquo;, explica Meirelles, em entrevista ao portal.</p>