<p>Por Jo&atilde;o Bortone*<br /> <br /> Neste exato momento, fornecedores de tecnologia est&atilde;o tentando convenc&ecirc;-lo porque voc&ecirc; precisa das novas vers&otilde;es de seus produtos.&nbsp; Mais r&aacute;pidos (talvez), mais integrados (talvez), mas nem sempre mais baratos. &Eacute; assim que grandes empresas globais, ano a ano, montam seus objetivos de venda e acreditam que est&atilde;o mudando o mundo e aumentando o seu valor de mercado. Mas h&aacute; algo diferente no ar. Muitas clamam que est&atilde;o criando modelos que rompem paradigmas, que s&atilde;o inovadoras, mas somente uma realmente est&aacute; mudando o modo como relacionamos com a tecnologia, como nos divertimos, fazemos neg&oacute;cios, nos comunicamos uns com os outros.<br /> <br /> N&atilde;o &eacute; a Microsoft. H&aacute; anos ela perdeu essa coroa da inova&ccedil;&atilde;o, apesar do recente sucesso do Windows 7 e do Kinect.&nbsp; Sua estrat&eacute;gia tem sido primariamente de competir em segmentos onde outras empresas est&atilde;o se destacando, ou amea&ccedil;ando sua posi&ccedil;&atilde;o de mercado. A empresa de Bill Gates aponta seus canh&otilde;es com suas vers&otilde;es de produtos e servi&ccedil;os, como o Bing e o Windows Phone.<br /> <br /> N&atilde;o, tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; o Google. Fez seu papel, levando a Internet ao centro das discuss&otilde;es, mas tem entrado em segmentos que obviamente est&atilde;o fora do seu neg&oacute;cio principal, e em muitos casos, sem sucesso (Buzz, Wave, Google TV s&atilde;o alguns exemplos). Segue seu caminho para se transformar em outra Microsoft, &ldquo;Web style&rdquo;.<br /> <br /> E, eis que surge das cinzas, a Apple. A empresa que quase sumiu no mapa, volta ao centro do palco, redefinindo modelos de neg&oacute;cio, criando mercados que n&atilde;o existiam e encantando seus clientes. A Apple n&atilde;o precisa convenc&ecirc;-lo a comprar seus produtos. Ela apenas os lan&ccedil;a e o mercado compra. E tudo isso com modelos reais de inova&ccedil;&atilde;o. Alguns exemplos:<br /> <br /> <strong>Inova&ccedil;&atilde;o #1 &ndash; Simplesmente funciona</strong><br /> Esse &eacute; o principio b&aacute;sico dos produtos da Apple. Eles simplesmente funcionam. Simples assim, intuitivo assim. O usu&aacute;rio moderno n&atilde;o se importa se o modelo de neg&oacute;cios &eacute; aberto, se &eacute; fechado, se &eacute; open source, etc… Ele s&oacute; quer ter uma experi&ecirc;ncia boa, quer que funcione, sem ter conhecimentos t&eacute;cnicos.<br /> <br /> <strong>Inova&ccedil;&atilde;o #2 – Como lucrar em um modelo falido</strong><br /> A Apple percebeu, antes de qualquer um, que o mercado da m&uacute;sica estava em colapso e criou uma solu&ccedil;&atilde;o que conectava o desejo de milh&otilde;es de usu&aacute;rios a um dispositivo sexy. Resultado? Mais de&nbsp; 10 bilh&otilde;es m&uacute;sicas vendidas no iTunes. E talvez o mercado da m&uacute;sica esteja salvo. Talvez.<br /> <br /> <strong>Inova&ccedil;&atilde;o #3: Possibilidades infinitas na palma da m&atilde;o</strong><br /> E nasce o iPhone. Mas que um telefone, ele &eacute; hoje uma plataforma que permite fazer (quase) tudo. Mais uma vez, cria um ecossistema onde usu&aacute;rios e empresas desenvolvedoras de software possam interagir em um modelo f&aacute;cil, inteligente, pr&aacute;tico.&nbsp; O charme do iPhone n&atilde;o est&aacute; em s&iacute;, mas no que o mercado pode fazer com ele. E ainda h&aacute; muito mais por vir.<br /> <br /> <strong>Inova&ccedil;&atilde;o #4: Um novo neg&oacute;cio</strong><br /> De t&atilde;o diferente, tentaram compar&aacute;-lo a um notebook, a um netbook, dizendo que n&atilde;o tinha c&acirc;mera, n&atilde;o tinha porta USB, e de repente, a resposta: Milh&otilde;es e milh&otilde;es de unidades vendidas, sendo um milh&atilde;o em 30 dias s&oacute; nos Estados Unidos e sete milh&otilde;es no ultimo trimestre. O iPad &eacute; um novo caminho. Um dispositivo fant&aacute;stico, que alavancado pela plataforma do iPhone, est&aacute; fazendo seus concorrentes correrem atr&aacute;s, a fim de ter uma resposta. Quando se v&ecirc; que empresas como Nintendo, preocupadas dizendo que seu &ldquo;inimigo&rdquo; agora &eacute; a Apple, percebe-se claramente quem rompeu paradigmas. (O iPad &eacute; uma excelente plataforma para jogos, que amea&ccedil;am o dom&iacute;nio da Nintendo em jogos port&aacute;teis).<br /> <br /> <strong>A li&ccedil;&atilde;o</strong><br /> Obviamente a Apple n&atilde;o &eacute; perfeita, alguns dizem que seu modelo de neg&oacute;cio fechado &eacute; prejudicial para seus clientes, mas aparentemente os clientes n&atilde;o est&atilde;o reclamando. &Eacute; uma empresa que coloca na m&atilde;o de designers a responsabilidade de criar um novo produto, e os engenheiros que encontrem a solu&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica para viabiliz&aacute;-lo. E n&atilde;o ao contr&aacute;rio. Talvez essa seja uma grande li&ccedil;&atilde;o para inovar. De a responsabilidade a quem estiver pr&oacute;ximo ao cliente, e n&atilde;o dentro da &aacute;rea t&eacute;cnica. Desenhe uma solu&ccedil;&atilde;o que seja simples, mas simples de verdade, &agrave; &oacute;tica do usu&aacute;rio, e n&atilde;o simples &agrave; vis&atilde;o de um engenheiro, ou um desenvolvedor.<br /> <br /> D&ecirc; liberdade. O pr&oacute;ximo bilh&atilde;o pode estar em algo que outras empresas n&atilde;o querem ver por temer o rompimento de dogmas internos. Nenhuma empresa ter&aacute; seu valor de mercado aumentado por receita incremental de modelos existentes. Seja sexy. Ok, talvez aqui nem todo mundo consiga, mas n&atilde;o h&aacute; nada melhor de ganhar novos mercados com uma marca que seja cuidada com carinho. N&atilde;o adianta gastar fortunas promovendo uma marca, se seus clientes est&atilde;o infelizes com ela. Esses s&atilde;o princ&iacute;pios &oacute;bvios, mas dif&iacute;ceis de implementar. Ter a coragem de romper paradigmas &eacute; o que difere uma empresa comum de uma empresa no centro das aten&ccedil;&otilde;es do mercado inteiro.<br /> <br /> * Jo&atilde;o Bortone &eacute; ex-diretor do Google, Microsoft e Intel e hoje &eacute; consultor de Marketing Digital. E-mail: <a href="javascript:location.href='mailto:'+String.fromCharCode(106,98,111,114,116,111,110,101,64,103,109,97,105,108,46,99,111,109)+'?'">[email protected]</a></p>
Por que a Apple venceu?
22 de fevereiro de 2011