Por que a Apple venceu? 22 de fevereiro de 2011

Por que a Apple venceu?

         

A empresa que quase sumiu no mapa, volta ao centro do palco, redefinindo modelos de negócio, criando mercados que não existiam e encantando seus clientes

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<p>Por João Bortone*<br /> <br /> Neste exato momento, fornecedores de tecnologia estão tentando convencê-lo porque você precisa das novas versões de seus produtos.  Mais rápidos (talvez), mais integrados (talvez), mas nem sempre mais baratos. É assim que grandes empresas globais, ano a ano, montam seus objetivos de venda e acreditam que estão mudando o mundo e aumentando o seu valor de mercado. Mas há algo diferente no ar. Muitas clamam que estão criando modelos que rompem paradigmas, que são inovadoras, mas somente uma realmente está mudando o modo como relacionamos com a tecnologia, como nos divertimos, fazemos negócios, nos comunicamos uns com os outros.<br /> <br /> Não é a Microsoft. Há anos ela perdeu essa coroa da inovação, apesar do recente sucesso do Windows 7 e do Kinect.  Sua estratégia tem sido primariamente de competir em segmentos onde outras empresas estão se destacando, ou ameaçando sua posição de mercado. A empresa de Bill Gates aponta seus canhões com suas versões de produtos e serviços, como o Bing e o Windows Phone.<br /> <br /> Não, também não é o Google. Fez seu papel, levando a Internet ao centro das discussões, mas tem entrado em segmentos que obviamente estão fora do seu negócio principal, e em muitos casos, sem sucesso (Buzz, Wave, Google TV são alguns exemplos). Segue seu caminho para se transformar em outra Microsoft, “Web style”.<br /> <br /> E, eis que surge das cinzas, a Apple. A empresa que quase sumiu no mapa, volta ao centro do palco, redefinindo modelos de negócio, criando mercados que não existiam e encantando seus clientes. A Apple não precisa convencê-lo a comprar seus produtos. Ela apenas os lança e o mercado compra. E tudo isso com modelos reais de inovação. Alguns exemplos:<br /> <br /> <strong>Inovação #1 – Simplesmente funciona</strong><br /> Esse é o principio básico dos produtos da Apple. Eles simplesmente funcionam. Simples assim, intuitivo assim. O usuário moderno não se importa se o modelo de negócios é aberto, se é fechado, se é open source, etc… Ele só quer ter uma experiência boa, quer que funcione, sem ter conhecimentos técnicos.<br /> <br /> <strong>Inovação #2 – Como lucrar em um modelo falido</strong><br /> A Apple percebeu, antes de qualquer um, que o mercado da música estava em colapso e criou uma solução que conectava o desejo de milhões de usuários a um dispositivo sexy. Resultado? Mais de  10 bilhões músicas vendidas no iTunes. E talvez o mercado da música esteja salvo. Talvez.<br /> <br /> <strong>Inovação #3: Possibilidades infinitas na palma da mão</strong><br /> E nasce o iPhone. Mas que um telefone, ele é hoje uma plataforma que permite fazer (quase) tudo. Mais uma vez, cria um ecossistema onde usuários e empresas desenvolvedoras de software possam interagir em um modelo fácil, inteligente, prático.  O charme do iPhone não está em sí, mas no que o mercado pode fazer com ele. E ainda há muito mais por vir.<br /> <br /> <strong>Inovação #4: Um novo negócio</strong><br /> De tão diferente, tentaram compará-lo a um notebook, a um netbook, dizendo que não tinha câmera, não tinha porta USB, e de repente, a resposta: Milhões e milhões de unidades vendidas, sendo um milhão em 30 dias só nos Estados Unidos e sete milhões no ultimo trimestre. O iPad é um novo caminho. Um dispositivo fantástico, que alavancado pela plataforma do iPhone, está fazendo seus concorrentes correrem atrás, a fim de ter uma resposta. Quando se vê que empresas como Nintendo, preocupadas dizendo que seu “inimigo” agora é a Apple, percebe-se claramente quem rompeu paradigmas. (O iPad é uma excelente plataforma para jogos, que ameaçam o domínio da Nintendo em jogos portáteis).<br /> <br /> <strong>A lição</strong><br /> Obviamente a Apple não é perfeita, alguns dizem que seu modelo de negócio fechado é prejudicial para seus clientes, mas aparentemente os clientes não estão reclamando. É uma empresa que coloca na mão de designers a responsabilidade de criar um novo produto, e os engenheiros que encontrem a solução técnica para viabilizá-lo. E não ao contrário. Talvez essa seja uma grande lição para inovar. De a responsabilidade a quem estiver próximo ao cliente, e não dentro da área técnica. Desenhe uma solução que seja simples, mas simples de verdade, à ótica do usuário, e não simples à visão de um engenheiro, ou um desenvolvedor.<br /> <br /> Dê liberdade. O próximo bilhão pode estar em algo que outras empresas não querem ver por temer o rompimento de dogmas internos. Nenhuma empresa terá seu valor de mercado aumentado por receita incremental de modelos existentes. Seja sexy. Ok, talvez aqui nem todo mundo consiga, mas não há nada melhor de ganhar novos mercados com uma marca que seja cuidada com carinho. Não adianta gastar fortunas promovendo uma marca, se seus clientes estão infelizes com ela. Esses são princípios óbvios, mas difíceis de implementar. Ter a coragem de romper paradigmas é o que difere uma empresa comum de uma empresa no centro das atenções do mercado inteiro.<br /> <br /> * João Bortone é ex-diretor do Google, Microsoft e Intel e hoje é consultor de Marketing Digital. E-mail: <a href="javascript:location.href='mailto:'+String.fromCharCode(106,98,111,114,116,111,110,101,64,103,109,97,105,108,46,99,111,109)+'?'">[email protected]</a></p>


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