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Saber quando alguém está mentindo sempre foi uma das grandes curiosidades do mundo. Por muitos anos o bom e velho Polígrafo, também conhecido como Detector de Mentiras, foi um aparelho muito utilizado para indicar quando as pessoas estavam mentindo durante interrogatórios e investigações policiais. Através do registro de variáveis fisiológicas como a sudorese da pele, a frequência cardíaca ou a respiração, sensores posicionados no corpo do indivíduo registram a atividade dessas variáveis ao longo de uma entrevista. Dependendo do padrão fisiológico observado, os interrogadores são capazes de aferir se o entrevistado está dizendo a verdade ou não. Normalmente nesse procedimento o especialista deve iniciar o interrogatório fazendo perguntas cotidianas, cujas respostas serão usadas como parâmetro para saber quando o participante está falando a verdade.
 
Além das medidas fisiológicas, alternativas para a detecção de mentiras também já foram propostas por psicólogos especializados na analise de expressões faciais. Um bom exemplo dessa abordagem pode ser visto no seriado Lie to Me, do canal FOX, onde o Dr. Cal Lightman é capaz de rapidamente dizer quando alguém é ou não sincero apenas olhando pistas no rosto das pessoas. A ideia de “ler” expressões faciais é muito sedutora e facilita bastante o trabalho dos detetives, já que o Polígrafo exige uma estrutura mais complexa, com eletrodos e aparelhos específicos. Apesar disso, a margem de acerto encontrada para o trabalho dos especialistas ainda é baixa, chegando a 65% mesmo para os investigadores mais experientes.
 
É nesse contexto que Cientistas da Computação da Universidade de Búfalo decidiram utilizar sistemas automatizados para detecção de mentiras. Utilizando o mesmo conhecimento, estes pesquisadores desenvolveram um sistema computacional capaz de detectar quando alguém está ou não sendo honesto. Através da análise do movimento dos olhos, o sistema aplica técnicas estatísticas para modelar como as pessoas movimentam seus olhos em duas condições distintas: durante uma conversa normal e durante uma arguição onde o participante era estimulado a mentir sobre o desaparecimento de um cheque para ser recompensado. Os pesquisadores mostraram que quando comparado ao período de conversa normal, o padrão de movimento dos olhos do participante muda quando ele está mentindo, porém se mantém constante quando estão falando a verdade. Os resultados do estudo foram bastante promissores, mostrando que numa análise de 40 participantes o sistema desenvolvido foi capaz de acertar 82,5% dos casos ao dizer se a pessoa estava ou não mentindo. Este percentual de acertos foi ainda maior do que o encontrado para o Polígrafo tradicional, com uma taxa de acertos de 70%. 
 
Com uma maior sensibilidade e acurácia, esta nova técnica será de grande valia para auxiliar nos julgamentos e em casos de investigação. Este trabalho foi publicado no IEEE Conference on Automatic Face and Gesture Recognition (2011) e promete ser a base de um sistema automatizado de detecção de mentira que poderá ser aplicado em vídeos de interrogatórios, classificando com sucesso mentirosos e pessoas honestas. A proposta agora é aumentar o número de parâmetros avaliados incluindo outras pistas do rosto além do movimento dos olhos.