<p><img alt="Impactos da Copa de 2014 no Marketing brasileiro" align="right" width="230" height="324" src="/images/materias/copa2014_jose-carlos-pinto.jpg" />O Mundial da &Aacute;frica do Sul ainda nem acabou, mas a realiza&ccedil;&atilde;o da Copa do Mundo de 2014 no Brasil j&aacute; representa uma oportunidade para as marcas e para o pa&iacute;s, que ter&atilde;o maior visibilidade global. O consumo aquecido e a expectativa de que a economia brasileira produza R$ 142 bilh&otilde;es adicionais nos pr&oacute;ximos quatro anos provam que o campeonato de futebol sediado no pa&iacute;s movimentar&aacute; a estrat&eacute;gia de Marketing de muitas empresas.</p> <p>Quais s&atilde;o os impactos sociecon&ocirc;micos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil? Que desafios ser&atilde;o enfrentados pelo Marketing brasileiro at&eacute; a realiza&ccedil;&atilde;o do mundial? Como garantir os efeitos positivos do evento no pa&iacute;s e minimizar os negativos? Quais s&atilde;o as oportunidades e iniciativas para potencializar os benef&iacute;cios do campeonato para a sociedade, marcas e consumidores?</p> <p>Essas s&atilde;o algumas das quest&otilde;es avaliadas no estudo Brasil Sustent&aacute;vel &ndash; Impactos Socioecon&ocirc;micos da Copa do Mundo 2014, realizado pela Ernst &amp; Young. Em entrevista ao Mundo do Marketing, Jos&eacute; Carlos Pinto, S&oacute;cio da Consultoria Ernst &amp; Young, fala sobre as oportunidades encontradas pelos profissionais de Marketing e pelo mercado brasileiro at&eacute; o mundial de 2014.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: O que motivou esta edi&ccedil;&atilde;o do Estudo Brasil sustent&aacute;vel e como avaliar os resultados apresentados?<br /> </strong><em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Esse estudo est&aacute; inserido no programa Brasil Sustent&aacute;vel. A ideia &eacute; pensar no pa&iacute;s em um horizonte de longo prazo. Desde o ano passado, tomamos a decis&atilde;o de que um desses estudos deveria estar focado na Copa do Mundo, tendo em vista a percep&ccedil;&atilde;o de que os impactos seriam bastante substanciais. Fizemos uma avalia&ccedil;&atilde;o que vai muito al&eacute;m dos investimentos diretos, como constru&ccedil;&atilde;o e reforma de est&aacute;dios e infraestrutura b&aacute;sica, como aeroportos, rodovias e urbaniza&ccedil;&atilde;o de cidades.</p> <p>Apuramos tamb&eacute;m quais s&atilde;o os impactos indiretos desses investimentos. Avaliamos a cadeia de produ&ccedil;&atilde;o para mensurar o efeito desses investimentos na cadeia produtiva como um todo e, consequentemente, no consumo. O resultado disso tudo deu um n&uacute;mero importante para a economia como um todo: a inje&ccedil;&atilde;o na economia de R$ 142 bilh&otilde;es, evidentemente com escalas diferenciadas nos diversos setores.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Quais s&atilde;o esses impactos socioecon&ocirc;micos?</strong><br /> <em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Do ponto de vista de impactos econ&ocirc;micos, temos a oportunidade de receber tanto capital nacional da iniciativa privada, como de investimentos internacionais, que s&oacute; ocorrer&atilde;o em decorr&ecirc;ncia da organiza&ccedil;&atilde;o da Copa do Mundo. S&atilde;o investimentos diretos que, de fato, gerar&atilde;o legados, como est&aacute;dios, aeroportos, rodovias e urbaniza&ccedil;&atilde;o das cidades-sede. Iniciativas que ser&atilde;o aceleradas ou feitas em uma intensidade maior em fun&ccedil;&atilde;o do mundial.</p> <p>Do ponto de vista social, &eacute; a oportunidade de gerar um volume de empregos bastante representativo, o equivalente a 3,6 milh&otilde;es de empregos por ano. Isso insere na economia formal e no mercado de trabalho um conjunto de profissionais que n&atilde;o tinham qualifica&ccedil;&atilde;o ou oportunidade de capacita&ccedil;&atilde;o.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Como estes impactos podem influenciar a estrat&eacute;gia de Marketing das empresas patrocinadoras?<br /> </strong><em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Segundo o estudo, o principal investimento &eacute; de m&iacute;dia, previsto em torno de R$ 6,5 bilh&otilde;es. Levamos em considera&ccedil;&atilde;o an&aacute;lises de Copas anteriores, principalmente a da Alemanha e a da &Aacute;frica, que ainda est&aacute; produzindo efeito e n&atilde;o tivemos todos os dados dispon&iacute;veis. J&aacute; observamos nesta Copa de 2010 que as empresas brasileiras s&atilde;o patrocinadoras da FIFA e n&atilde;o apenas da CBF. A cota de patroc&iacute;nio est&aacute; aumentando e o n&iacute;vel de publicidade &eacute; crescente em compara&ccedil;&atilde;o &agrave;s Copas anteriores.</p> <p>As empresas brasileiras, de uma forma geral, aproveitar&atilde;o para fazer um investimento relevante voltado para a Copa do Mundo, que &eacute; o evento que mais atrai a aten&ccedil;&atilde;o global. As marcas que precisam aparecer do ponto de vista global utilizar&atilde;o esse canal para investir diretamente na Copa ou indiretamente em outras possibilidades.&nbsp;</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Como o Marketing poder&aacute; contribuir para a imagem da marca &ldquo;Brasil&rdquo; internacionalmente?<br /> </strong><em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Existe algo que chamamos de &ldquo;atmosfera da Copa&rdquo; e isso deve ser capitalizado desde j&aacute;, n&atilde;o s&oacute; no pa&iacute;s, como em cada munic&iacute;pio que receber&aacute; os jogos. H&aacute; um grande comit&ecirc; organizador e diversos outros em cada uma das 12 cidades sedes, em n&iacute;vel municipal e at&eacute; estadual.</p> <p>Nossa recomenda&ccedil;&atilde;o &eacute; que os comit&ecirc;s locais iniciem desde j&aacute; a defini&ccedil;&atilde;o de seus planos de Marketing. Ser&atilde;o necess&aacute;rias a&ccedil;&otilde;es que consigam comunicar, mostrar e fortalecer a imagem do local, como festas e manifesta&ccedil;&otilde;es regionais e culturais.&nbsp;Como vender a imagem da cidade e da regi&atilde;o e como capitalizar em torno disso.&nbsp;Isso ser&aacute; respons&aacute;vel por promover o turismo, por exemplo.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: E quais os desafios para as marcas?</strong><br /> <em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Os investimentos devem estar muito mais concentrados no per&iacute;odo de 2014, mas as empresas devem iniciar estudos sobre como investir, criar produtos e a&ccedil;&otilde;es de Marketing desde j&aacute;. Existem muitas restri&ccedil;&otilde;es para vincular a marca &agrave; Copa do Mundo, mas muito pode ser feito. Esse &eacute; o grande desafio.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Quais s&atilde;o os segmentos que ser&atilde;o mais beneficiados com a Copa?<br /> </strong><em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Sem d&uacute;vida a constru&ccedil;&atilde;o civil. Em alimentos e bebidas h&aacute; empresas que querem expor sua marca mundialmente, como a Seara fez neste &uacute;ltimo mundial. H&aacute; tamb&eacute;m uma demanda por presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os especializados que s&oacute; existem por causa da Copa. Consultorias, empresas especializadas e organiza&ccedil;&otilde;es internacionais est&atilde;o se instalando no Brasil exclusivamente para a presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os com foco em grandes eventos esportivos.</p> <p>N&atilde;o podemos esquecer do turismo de uma forma geral. A hotelaria ter&aacute; um impacto muito grande, hot&eacute;is receber&atilde;o investimento e ser&atilde;o ampliados. Al&eacute;m disso, o Brasil receber&aacute; um International Broadcast Center (espa&ccedil;o para transmiss&atilde;o de r&aacute;dio e televis&atilde;o de um determinado evento), o que consome milh&otilde;es em investimentos. Cada cidade sede tamb&eacute;m ter&aacute; um centro de m&iacute;dia e milhares de profissionais do exterior vir&atilde;o trabalhar no mundial.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Que oportunidades a Copa oferece para as marcas nacionais?</strong><br /> <em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> Vinculando a marca a esse tipo de evento, as empresas brasileiras ter&atilde;o um n&iacute;vel de exposi&ccedil;&atilde;o nacional alto, porque estamos falando de 12 cidades que s&atilde;o bastante representativas, da paix&atilde;o brasileira pelo futebol e do aumento da demanda por consumo. H&aacute; um conjunto de potenciais benef&iacute;cios. Alguns deles geram aumento imediato de receita, enquanto outros melhoram o posicionamento da marca, seja nacionalmente, como tamb&eacute;m internacionalmente.</p> <p>O Brasil vive um momento relativamente recente de constru&ccedil;&atilde;o de organiza&ccedil;&otilde;es globais. Grandes companhias brasileiras querem se internacionalizar. Quando vincula a marca &agrave; imagem de um pa&iacute;s que n&atilde;o &eacute; muito s&oacute;lida, o esfor&ccedil;o &eacute; maior para que ela se torne importante no cen&aacute;rio global. A Copa no Brasil &eacute; uma oportunidade de dar visibilidade global &agrave;s marcas, como aconteceu com alguns produtos da Ambev e com a Seara na Copa da &Aacute;frica do Sul. Se as empresas aproveitarem os benef&iacute;cios desse investimento, o retorno ser&aacute; garantido.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Qual ser&aacute; o perfil dos consumidores nesta Copa?</strong><br /> <em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> O consumo j&aacute; come&ccedil;a a existir e toda cadeia ser&aacute; afetada. No per&iacute;odo da realiza&ccedil;&atilde;o do evento, temos a expectativa de que cerca de 3,3 milh&otilde;es de ingressos ser&atilde;o vendidos. O p&uacute;blico que assistir&aacute; aos jogos j&aacute; &eacute; um n&uacute;mero bastante significativo. Mas tem o fator multiplicador. Muita gente n&atilde;o vem, necessariamente, para ver as partidas. H&aacute; os acompanhantes, os prestadores de servi&ccedil;os e toda movimenta&ccedil;&atilde;o local. Na Copa da Alemanha, por exemplo, foram tr&ecirc;s milh&otilde;es de ingressos vendidos para os jogos e 18 milh&otilde;es de pessoas participando de eventos como o FIFA Fan Fest. Isso tem um efeito de atra&ccedil;&atilde;o de pessoas e, consequentemente, de consumo significativo.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Como coibir a&ccedil;&otilde;es de guerrilha?</strong><br /> <em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> O estudo n&atilde;o cobriu especificamente este assunto, mas &eacute; um tema de grande preocupa&ccedil;&atilde;o. A FIFA &eacute; extremamente atuante e preventiva em coibir esse tipo de a&ccedil;&atilde;o, junto com a CBF. Desde o in&iacute;cio, h&aacute; uma preocupa&ccedil;&atilde;o em evitar que esses problemas ocorram e n&atilde;o simplesmente cobrar uma indeniza&ccedil;&atilde;o depois. Existem regras preventivas que ainda est&atilde;o em fase de ajuste e far&atilde;o parte das garantias governamentais brasileiras, desde quest&otilde;es tribut&aacute;rias e alfandeg&aacute;rias, at&eacute; em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; propriedade da marca. Com a criatividade do brasileiro, certamente os problemas acontecer&atilde;o, mas temos que ter um batalh&atilde;o de choque para coibir rapidamente e fazer valer a for&ccedil;a da lei. Para isso, temos instrumentos legais.</p> <p><strong>Mundo do Marketing: Quando a Copa 2014 deve come&ccedil;ar para o Marketing no Brasil?</strong><br /> <em>Jos&eacute; Carlos Pinto:</em> A minha recomenda&ccedil;&atilde;o &eacute; de que comece desde j&aacute;, dosando investimentos e planejando de forma adequada. Com o conceito de &ldquo;atmosfera da Copa&rdquo; e a criatividade do profissional brasileiro, h&aacute; oportunidades para que o Marketing brasileiro pegue carona e comece a planejar, identificando a&ccedil;&otilde;es efetivas e fazendo investimentos adequados. Evidentemente, os maiores investimentos ser&atilde;o concentrados em 2014, mas existe um conjunto significativo de eventos que acontecer&atilde;o at&eacute; 2014, como a Copa das Confedera&ccedil;&otilde;es. O foco do mundo estar&aacute; voltado para o Brasil no que se refere a futebol e &agrave; Copa do Mundo nos pr&oacute;ximos quatro anos. Podemos esperar at&eacute; 2014 para fazer barulho, ou come&ccedil;ar desde j&aacute;.</p>
Os impactos da Copa de 2014 no Marketing brasileiro
8 de julho de 2010