<p>Por Fausto Celestino*<br /> <br /> Seria realmente poss&iacute;vel nomear gera&ccedil;&otilde;es, sem colocar na mesma cesta pessoas com realidades s&oacute;cioecon&ocirc;micas e hist&oacute;rias de vida completamente diferente? Talvez n&atilde;o, mas, por outro lado, atualmente &eacute; inconceb&iacute;vel analisar o comportamento de um adolescente, independente da &eacute;poca em que ele viveu.<br /> <br /> Ap&oacute;s a Gera&ccedil;&atilde;o X, composta dos filhos dos Baby Boomers da Segunda Guerra Mundial, tivemos a Gera&ccedil;&atilde;o Y, tamb&eacute;m chamada de Millennials, composta por pessoas nascidas entre os anos 80 e 90. J&aacute; os viciados em estarem conectados o tempo todo e com elevado n&iacute;vel de consci&ecirc;ncia ambiental formam a Gera&ccedil;&atilde;o Z, que tem seu integrantes nascidos entre 1990 e 2009.<br /> <br /> A converg&ecirc;ncia de m&uacute;sica, TV, jornal etc num &uacute;nico aparelho criou um novo tipo de comportamento, pois o indiv&iacute;duo tem todas as ferramentas dispon&iacute;veis em tempo real, mesmo em deslocamento. O n&iacute;vel de informa&ccedil;&atilde;o e principalmente a velocidade com que tudo acontece permeia esta gera&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> S&atilde;o pessoas que n&atilde;o conheceram o planeta sem celular.&nbsp; Foram influenciados desde o ber&ccedil;o pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. Outra caracter&iacute;stica essencial dessa gera&ccedil;&atilde;o &eacute; o conceito de mundo que possui, desapegado das fronteiras geogr&aacute;ficas. <br /> <br /> Para eles, a globaliza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o foi algo adquirido &agrave; custa de grande esfor&ccedil;o. T&ecirc;m acesso muito f&aacute;cil &agrave; informa&ccedil;&atilde;o, o que os coloca um passo &agrave; frente dos mais velhos, concentrados em adaptar-se aos novos tempos. Por&eacute;m, o bombardeio de informa&ccedil;&atilde;o coloca o desafio de filtrar o que &eacute; bom do que &eacute; perda de tempo, e a&iacute; fica a grande quest&atilde;o de sempre. Mais importante do que a informa&ccedil;&atilde;o &eacute; us&aacute;-la com intelig&ecirc;ncia. <br /> <br /> Vivem em um ritmo fren&eacute;tico e fragmentado pelas in&uacute;meras atividades distintas que realizam simultaneamente. Se essa caracter&iacute;stica, por um lado, pode ser ben&eacute;fica, por outro, pode gerar pessoas dispersas, com dificuldade para se concentrarem em uma s&oacute; ocupa&ccedil;&atilde;o. Isso sem falar num mal ainda maior -&nbsp; a ansiedade cr&ocirc;nica. Deixe um jovem sem celular e/ou computador por dois dias para ver o que acontece.<br /> <br /> No mundo permeado pelos meios digitais, obviamente a Gera&ccedil;&atilde;o Z valoriza muito a comunica&ccedil;&atilde;o. Assim como foi com a X e Y, eles representam as novas linguagens e comportamentos e j&aacute; est&atilde;o influenciando diretamente os h&aacute;bitos de consumo, pois s&atilde;o aspiracionais para os mais novos e inspira&ccedil;&atilde;o para os mais velhos. A aten&ccedil;&atilde;o que o mercado deve ter &eacute; entender o comportamento multitarefa que eles t&ecirc;m. Estud&aacute;-los para oferecer o que eles demandam.<br /> <br /> Podemos consider&aacute;-los como a primeira gera&ccedil;&atilde;o totalmente globalizada, onde as informa&ccedil;&otilde;es pessoais ganham o mundo em segundos. Possuem alto poder de compra se comparados &agrave;s gera&ccedil;&otilde;es anteriores. Como interpretar uma maneira totalmente nova de pensar, reflexo direto da influ&ecirc;ncia que a internet tem em suas vidas, pode ser um bom come&ccedil;o. <br /> <br /> Entender que ser multifuncional &eacute;, sim, o mais bacana, ao contr&aacute;rio da Gera&ccedil;&atilde;o X, que defendia de forma contundente um &uacute;nico conceito, que esta pluralidade permite a eles se reconhecerem, independente de suas diferen&ccedil;as pessoais. S&atilde;o a cara da nova economia, cheios de a&ccedil;&otilde;es interdependentes, que d&atilde;o valor para coisas diferentes, de maneira totalmente nova. Jamais concordar&atilde;o em pagar por conte&uacute;do, pois a internet os criou desta forma.<br /> <br /> Esta consci&ecirc;ncia coletiva, na verdade, abre gama infinita de oportunidades para as marcas, independente do segmento. Somente as marcas que entenderem este novo consumidor, que realmente forem honestas e verdadeiras com as quest&otilde;es sociais e ambientais, ter&atilde;o sucesso com os Z. E entender este novo perfil nada mais &eacute; do que entender que, mais uma vez, por tr&aacute;s de tecnologias avan&ccedil;adas e novas formas de pensar, est&atilde;o seres humanos.<br /> <br /> * Fausto Celestino &eacute; s&oacute;cio-diretor da Promova-SP. </p>
Os filhos da tecnologia
3 de fevereiro de 2011