A pandemia trouxe consequências positivas para a indústria de brinquedos, sobretudo em países mais desenvolvidos. Vários foram os fatores que contribuíram para que o mercado tenha crescido dois dígitos durante esse período. Famílias inteiras, e também jovens e adultos, passaram a comprar mais brinquedos para tornarem seus momentos de lockdown mais divertidos dentro de casa.

Já no Brasil, houve uma forte retração, chegando a 30% de queda de vendas nesse período. Um importante fator motivador para esta queda foi o fechamento de grande parte das lojas de brinquedos, principalmente as localizadas em shopping centers. Soma-se a isso, o fato de que a maioria desses comércios tinha pouco foco no canal online e muitos nem ofereciam essa opção de venda. Esse movimento fez com que muitos dos especialistas “brinquedeiros”, que pouco focavam no e-commerce, se reinventassem e passassem a atender seus clientes através dos sites e via celular, transformando as lojas físicas em minicentros de distribuição.

Mas as notícias são animadoras e 2022 está sendo marcado pela volta à normalidade no mercado de brinquedos no Brasil. Depois de dois anos de retração, já nos primeiros meses do ano, vemos o país liderando o crescimento global do setor. De janeiro a julho houve um aumento de mais de 27% nas vendas em valor, se comparado ao mesmo período de 2021. Todas as categorias apresentaram crescimento no acumulado do ano com destaque para os brinquedos infantis e pré-escolares, como pelúcias infantis, andadores e instrumentos musicais. Outra categoria que se destaca é a de veículos, como carrinhos elétricos e também os carrinhos não motorizados, além de brinquedos de controle remoto. Bonecas e produtos que envolvem esse segmento também obtiveram um expressivo aumento nas vendas.

É importante destacar outro dado muito relevante sobre o mercado de brinquedos licenciados, que atingiu um recorde histórico em 2022, não só no Brasil como também no mundo. O segmento foi responsável por mais de 29% do faturamento total em valor. Contribuíram para esse crescimento os lançamentos de novos filmes de super-heróis e animações infantis, o que geralmente provoca um aumento na busca por itens colecionáveis.

A recuperação pós-pandemia e o crescimento expressivo do mercado de brinquedos nesse ano indicam que as vendas devem continuar a crescer. Com o desenvolvimento do e-commerce, o varejo menos dependente do canal especializado de brinquedos e com o fortalecido no omnichannel, que integra lojas físicas, virtuais e consumidores, a tendência de aumento deve continuar, em especial durante outubro, mês em que se comemora o Dia das Crianças.

Importante que se destaque a recuperação do canal especialista “brinquedeiro” um dos que mais sofreu durante a pandemia. O setor voltou a crescer cerca de 45% nas vendas em valor em 2022. Com a flexibilização do isolamento social, as lojas físicas especializadas voltaram a ser um destino de diversão e entretenimento para adultos e crianças e foram responsáveis por 87% das vendas nos primeiros meses do ano.

O comportamento do mercado para o Dia das Crianças tem suas variações e sazonalidades, mas segue um mesmo formato ano após ano. Quando analisamos o período em 2021, percebemos 19% das vendas começaram a acontecer já em setembro. Realizadas nos e-commerces, essas compras acontecem quando o consumidor normalmente começa a comparar os preços e se planejar para a data que está chegando. Essas vendas são impulsionadas também pela preferência e facilidade de receber a compra entregue em casa, normalmente por conta do tamanho do brinquedo e, claro, facilidade no transporte. Essa é uma tendencia que, certamente se repetirá este ano e poderemos mensurar nos próximos meses, com a proximidade também de datas como Black Friday e Natal.

Já nas lojas de departamento, conveniência e hipermercados, chamado “canal generalista”, os destaques de 2021 foram nas categorias de bonecas, artigos externos e esportivos – como equipamentos para playground, patins, skates e patinetes – e também brinquedos infantis e pré-escolares. Esses setores representaram mais de 60% das vendas neste canal durante o período do Dia das Crianças.

Há de se levar em conta que durante o mês de outubro de 2021, quando nos aproximamos efetivamente da data, o preço médio dos brinquedos aumentou 18% nas lojas físicas em relação aos meses de janeiro e setembro do mesmo ano. Mais um motivo para o movimento de compras antecipadas, que começaram a acontecer já em setembro. Por outro lado, no e-commerce onde a pesquisa por preços baixos tem maior procura, houve um aumento no preço médio de apenas 3.4%.