<p>Por Fabio Mestriner*<br /> <br /> Philip Kotler fez uma palestra para os professores da ESPM recentemente e nos mostrou que, devido a uma combina&ccedil;&atilde;o de fatores temporais, o Marketing est&aacute; ficando menos efetivo, com as verbas cada vez menores e mais fragmentadas. Por causa disso, as empresas necessitar&atilde;o de profissionais capazes de fazer mais com menos recursos. <br /> <br /> Na minha vis&atilde;o, em fun&ccedil;&atilde;o desta situa&ccedil;&atilde;o, a embalagem tende a ganhar import&acirc;ncia crescente, pois permite que se realizem, tendo-a como suporte, uma s&eacute;rie intermin&aacute;vel de a&ccedil;&otilde;es de Marketing a custo zero, uma vez que o custo da embalagem j&aacute; esta embutido no custo do produto. Assim, ela poder&aacute; contribuir na redu&ccedil;&atilde;o da perda de efetividade do Marketing, compensando de alguma forma a falta de recursos e de foco em suas a&ccedil;&otilde;es fragmentadas.<br /> <br /> Venho acompanhando a evolu&ccedil;&atilde;o da embalagem e as fronteiras que ela vem abrindo ao incorporar novas fun&ccedil;&otilde;es, pois, conforme a sociedade evolui e a comercializa&ccedil;&atilde;o de produtos se torna mais congestionada e complexa, a embalagem tem sido chamada para cumprir novas miss&otilde;es. Com o advento dos supermercados e do auto-servi&ccedil;o, a embalagem deu o salto definitivo para se comunicar diretamente com o consumidor sem intermedi&aacute;rios e, a partir disso, as fun&ccedil;&otilde;es de comunica&ccedil;&atilde;o e Marketing por ela incorporadas se sobrepuseram as suas fun&ccedil;&otilde;es b&aacute;sicas, fazendo com que se transformasse numa poderosa ferramenta de Marketing e comunica&ccedil;&atilde;o que as empresas aprenderam a utilizar no seu esfor&ccedil;o de conquistar o consumidor.<br /> <br /> Hoje, toda empresa que atua no segmento mais competitivo do consumo sabe muito bem que se n&atilde;o tiver embalagens compat&iacute;veis com o padr&atilde;o da categoria onde atua, seus produtos ser&atilde;o vistos pelos consumidores como inferiores a de seus concorrentes no ponto-de-venda. O design das embalagens tem ent&atilde;o que garantir que os produtos de uma empresa n&atilde;o sejam percebidos como visualmente inferiores, pois n&atilde;o importa o tamanho da empresa ou o poder de sua marca se seus produtos n&atilde;o tiverem embalagens no m&iacute;nimo equivalentes a de seus concorrentes.<br /> <br /> Percebemos que o assunto em pauta n&atilde;o &eacute; mais apenas o design, mas a competitividade propriamente dita. Este virou o nome do jogo. A quest&atilde;o &eacute; como a embalagem ajuda a tornar o produto mais competitivo. Neste sentido, nada &eacute; mais importante que a inova&ccedil;&atilde;o, pois a inova&ccedil;&atilde;o &eacute; a forma mais eficiente de criar diferencial percebido e de obter a vantagem competitiva. Inovar no produto &eacute; caro e dif&iacute;cil, enquanto que inovar na embalagem &eacute; mais f&aacute;cil, mais r&aacute;pido, mais barato e muitas vezes mais eficiente.<br /> <br /> A inova&ccedil;&atilde;o passou a ser uma nova forma de utilizar a embalagem como ferramenta de competitividade e o Marketing das grandes empresas vem incorporando cada vez mais a embalagem em seus programas de inova&ccedil;&atilde;o. Segundo Kotler, a atua&ccedil;&atilde;o no varejo est&aacute; exigindo um n&uacute;mero maior de promo&ccedil;&otilde;es &ldquo;in store&rdquo; o que cria uma nova oportunidade para a embalagem funcionar como suporte para a&ccedil;&otilde;es promocionais que impactam de forma direta o consumidor.<br /> <br /> Se considerarmos que a internet tem hoje um papel preponderante no que podemos chamar de &ldquo;sociedade da hiperconectividade&rdquo; onde o n&uacute;mero de conex&otilde;es cresceu de forma brutal e vem soterrando os consumidores com uma montanha de dados e de informa&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o &eacute; dif&iacute;cil perceber que mais uma vez a embalagem ser&aacute; chamada a atuar para conectar o consumidor ao site do produto. <br /> <br /> A Conex&atilde;o da embalagem com a WEB &eacute; sem d&uacute;vida uma nova fronteira a ser explorada. Um estudo recente realizado para ind&uacute;stria gr&aacute;fica mostrou que todos os produtos dessa ind&uacute;stria j&aacute; tem um correspondente (eventual substituto) virtual. Com exce&ccedil;&atilde;o da embalagem que continuar&aacute; sendo o produto da ind&uacute;stria gr&aacute;fica, que tem contato f&iacute;sico com o consumidor, estando presente em sua vida e morando na sua casa.<br /> <br /> Pelo jeito que as coisas est&atilde;o caminhando, os gestores de Marketing, que segundo Kotler ter&atilde;o que fazer cada vez mais com menos, precisar&atilde;o aprender a utilizar melhor a embalagem, pois ela representa um recurso importante que a empresa tem dispon&iacute;vel dentro de casa a custo praticamente zero.<br /> <br /> * Fabio Mestriner &eacute; Professor Coordenador do N&uacute;cleo de Estudos da Embalagem ESPM, Professor do Curso de P&oacute;s-Gradua&ccedil;&atilde;o em Engenharia de embalagem MAU&Aacute;, Coordenador do Comit&ecirc; de Estudos Estrat&eacute;gicos da ABRE e Autor dos livros Design de Embalagem Curso Avan&ccedil;ado e Gest&atilde;o Estrat&eacute;gica de Embalagem. <a href="http://www.embalagem.espm.br" target="_blank">www.embalagem.espm.br</a></p>
O Marketing precisará usar mais a embalagem
12 de janeiro de 2011