O anunciante ainda é conservador
Autor de mais de 30 livros sobre Marketing e imortal da Academia Brasileira de Marketing, Marcos Cobra é leitura obrigatória para quem quer diferenciar produtos e conquistar o consumidor
Por Redação - 05/04/2007 Entrevistas
<p><strong>&ldquo;O anunciante ainda &eacute; conservador&rdquo;</strong></p><p>Por Bruno Mello<br /><a href="mailto:bruno@mundodomarketing.com.br">bruno@mundodomarketing.com.br</a></p><p>Em tempo de inova&ccedil;&otilde;es constantes para diferenciar um produto ou servi&ccedil;o de outros e, principalmente, de como fazer para que eles cheguem &agrave; casa dos consumidores, o profissional de marketing ainda est&aacute; preso &agrave;s velhas formas de fazer publicidade e de vender. Na medida em que os produtos j&aacute; atendem &agrave;s necessidades, o pr&oacute;ximo passo &eacute; provocar as emo&ccedil;&otilde;es dos consumidores. Esta &eacute; a opini&atilde;o de Marcos Cobra, um dos maiores pensadores de marketing do pa&iacute;s.</p><p>Marcos Henrique Nogueira Cobra &eacute; imortal, uma vez que ocupa a cadeira de n&uacute;mero 9 da Academia Brasileira de Marketing. Hoje, ele tamb&eacute;m &eacute; Chefe do departamento de marketing da Funda&ccedil;&atilde;o Get&uacute;lio Vargas em S&atilde;o Paulo e autor de mais de 30 livros sobre a mat&eacute;ria, entre eles &ldquo;Administra&ccedil;&atilde;o de Marketing no Brasil&rdquo; (Cobra Editora &amp; Marketing). </p><p>Na entrevista concedida ao Mundo do Marketing, Cobra fala que o investimento na publicidade ainda &eacute; maior do que nos outros servi&ccedil;os de marketing porque o anunciante &eacute; conservador. Confira. </p><p><span class="texto_laranja_bold">O senhor &eacute; conhecido por propor novos conceitos de marketing em detrimento aos consagrados. O que funcionava antes e n&atilde;o funciona hoje entre as estrat&eacute;gias de marketing?</span><br />O consumidor mudou e isso exige uma preocupa&ccedil;&atilde;o muito grande em entender porque os h&aacute;bitos de consumo mudaram, porque est&atilde;o mudando e porque continuar&atilde;o a mudar. N&atilde;o existe conceito que podemos dizer que est&atilde;o ultrapassados. Acredito que existem evolu&ccedil;&otilde;es. O que &eacute; importante entendermos &eacute; que o mundo dos neg&oacute;cios exige hoje uma preocupa&ccedil;&atilde;o muito grande com as muta&ccedil;&otilde;es ambientais. O marketing ecol&oacute;gico ganhou for&ccedil;a porque antes os produtos n&atilde;o eram necessariamente saud&aacute;veis e hoje h&aacute; uma grande preocupa&ccedil;&atilde;o com a qualidade de vida. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Uma pesquisa do Provar diz que mais da metade das pessoas entrevistadas compram produtos piratas sem se preocupar com a origem deles. Isso n&atilde;o &eacute; um contra-senso?</span><br />A ind&uacute;stria da pirataria prejudica diversos pontos do consumo. Num primeiro momento a pessoa tira vantagem por comprar algo mais barato, mas depois n&atilde;o tem garantias de qualidade nem apoios legais. Realmente isto representa uma preocupa&ccedil;&atilde;o para os homens de marketing uma vez que &eacute; preciso valorizar produtos politicamente corretos.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Os servi&ccedil;os especializados de marketing v&ecirc;m tomando cada vez mais espa&ccedil;o da propaganda para divulgar os produtos. Investir em eventos, marketing direto e de relacionamento &eacute; cada vez mais usual. Ao mesmo, essas disciplinas ainda sofrem para entrar no planejamento estrat&eacute;gico das empresas. O que senhor acha que falta para isso acontecer?</span><br />&Eacute; um esfor&ccedil;o paulatino, mas lento. Quando surgiu a internet os meios tradicionais achavam que aquilo era uma piada e agora acham que podem destru&iacute;-los. Mas o investimento na publicidade ainda &eacute; maior do que nos outros servi&ccedil;os de marketing porque o anunciante ainda &eacute; conservador. Falta uma conscientiza&ccedil;&atilde;o entre ve&iacute;culos e anunciantes, uma vez que se todos anunciam, para que o custo caia, pois ainda h&aacute; d&uacute;vidas sobre os resultados de alguns tipos de an&uacute;ncios porque s&atilde;o caros. O esfor&ccedil;o que se faz para anunciar numa m&iacute;dia televisiva &eacute; muito grande e nem sempre o resultado &eacute; palp&aacute;vel, principalmente se a verba &eacute; curta e se fizer pouca veicula&ccedil;&atilde;o. </p><p>Chegar ao consumidor depende de v&aacute;rios fatores. O primeiro deles &eacute; saber que tipo de a&ccedil;&atilde;o vai atingir um determinado consumidor e &eacute; preciso ter pesquisas para saber como as pessoas se comportam. Existem alguns mitos, como o que diz que se n&atilde;o anunciar n&atilde;o vende, outro que diz que o que vende &eacute; pre&ccedil;o e outro ainda dizendo que um produto n&atilde;o precisa de publicidade nem de pre&ccedil;o, porque vende por si s&oacute;. O que existe &eacute;, para cada produto e mercado, uma sa&iacute;da estrat&eacute;gica. N&atilde;o existe um modelo &uacute;nico. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Em seu livro Sexo &amp; Marketing o senhor fala que a publicidade utiliza conceitos de sedu&ccedil;&atilde;o e fantasia para estimular o consumo de produtos ou servi&ccedil;os. A cada dia s&atilde;o lan&ccedil;ados novos produtos que nem sequer imagin&aacute;vamos que precisar&iacute;amos. Afinal, o marketing cria necessidades?</span><br />O grande papel do marketing n&atilde;o &eacute; criar necessidade, mas sim identificar necessidades e desejos, sobretudo desejos ocultos, aqueles que o consumidor n&atilde;o se d&aacute; conta. Na medida em que os produtos j&aacute; atendem certas necessidades, o pr&oacute;ximo passo &eacute; provocar as emo&ccedil;&otilde;es dos consumidores. Isso est&aacute; muito ligado&nbsp;&agrave; inova&ccedil;&atilde;o tecnol&oacute;gica,&nbsp;&agrave; moda, aos tipos de consumidores, e&nbsp;&agrave; pr&oacute;pria ind&uacute;stria que diz que ele precisa ter um celular e um carro novo. </p><p>Tem pessoas que &agrave;s vezes compram produtos e n&atilde;o tiram nem da sacola, mas ficam com a sensa&ccedil;&atilde;o de que ela chegou l&aacute;, que p&ocirc;de ter alguma coisa que sempre aspirou. Este aspecto aspiracional &eacute; muito forte, assim como o marketing experiencial. Ou seja, a pessoa vai adquirir certos produtos baseado nas experi&ecirc;ncias que tem. Da experi&ecirc;ncia surge a identifica&ccedil;&atilde;o.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Muitas empresas t&ecirc;m buscado concentrar suas a&ccedil;&otilde;es e verbas de marketing no que d&aacute; retorno no curto prazo. At&eacute; que ponto essa atitude vai garantir a sobreviv&ecirc;ncia destas empresas?</span><br />Muitas empresas olham o marketing como forma de fazer caixa. Fazer caixa no curto prazo para pagar o fornecedor, os investimentos e assim por diante. Nem sempre isso traz resultados r&aacute;pidos porque &eacute; um processo lento. As pessoas levam tempo para se acostumar com a id&eacute;ia de trocar um produto velho por um novo. Existe um relacionamento afetivo muito grande com determinados produtos. &Agrave;s vezes a pessoa compra um carro novo, mas n&atilde;o se desfaz do antigo. &Eacute; como ele ficar com a mulher e a amante. </p><p><span class="texto_laranja_bold">O senhor lan&ccedil;ou um novo livro, Marketing e Moda. Fale um pouco sobre ele.</span><br />Produtos de moda n&atilde;o s&atilde;o necessariamente roupa. Um celular &eacute; um produto de moda. Hoje todos t&ecirc;m que ter c&acirc;mara fotogr&aacute;fica, amanh&atilde; todos ter&atilde;o que ter internet. Com a inova&ccedil;&atilde;o, que &eacute; um modismo de certa maneira, ele acaba sendo incorporado como valoriza&ccedil;&atilde;o e diferencia&ccedil;&atilde;o do produto. Isso n&atilde;o envolve a preocupa&ccedil;&atilde;o s&oacute; com o design, mas com o varejo, t&eacute;cnicas promocionais, entre outras. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Hoje j&aacute; existem diversos cursos de gradua&ccedil;&atilde;o em marketing e de MBA. Como presidente da ALAM &ndash; Associa&ccedil;&atilde;o Latino Americana de Acad&ecirc;micos de Marketing – como o senhor analisa o ensino sobre a mat&eacute;ria hoje em dia?</span><br />Existem mais de duas mil escolas de administra&ccedil;&atilde;o no Brasil e todas elas com cadeira de marketing, mas escola de marketing mesmo s&atilde;o poucas. O que vejo hoje &eacute; que se trabalha muito o curso de especializa&ccedil;&atilde;o, mas pouco o de gradua&ccedil;&atilde;o e principalmente esquece-se muito a parte pr&aacute;tica. Os alunos est&atilde;o cansados de teoria.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Quais s&atilde;o os desafios que os profissionais de marketing ter&atilde;o daqui para frente?</span><br />Principalmente adequar produtos para que eles realizem desejos e suscitar a mente do consumidor. Hoje a grande palavra &eacute; o neuromarketing, baseado na neuroci&ecirc;ncia, que escaneia o c&eacute;rebro do consumidor e avalia o impacto realizado pelos produtos para que tenhamos crit&eacute;rios cient&iacute;ficos para entender o impacto dos produtos e da comunica&ccedil;&atilde;o na mente do consumidor. O grande foco daqui para frente &eacute; a navega&ccedil;&atilde;o pela mente humana. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Acesse</span><br /><a href="http://www.eaesp.fgvsp.br" target="_blank">www.eaesp.fgvsp.br</a></p>