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Regionalismo: genuinamente brasileiro e sua literatura

Regionalismo: genuinamente brasileiro e sua literatura


O regionalismo na literatura brasileira conta com mais de 150 anos de história com autores clássicos e atuais

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Romance, drama, fantasia, suspense, entre outros. São vários os gêneros literários em todo o mundo. E o Brasil tem excelentes representantes de vários deles. Mas, assim como o nosso país é rico em cultura e extremamente plural, com cinco regiões distintas e muito diferentes entre si, assim é a literatura. Temos gêneros que são exclusivos e que mostram a força da produção editorial. Um deles é o regionalismo, onde a diversidade brasileira é fonte de inspiração para obras.

Apesar de a literatura brasileira sempre ter sido influenciada pela escrita europeia, principalmente até o século XIX, o regionalismo é genuinamente brasileiro. De acordo com o livro História da Literatura Brasileira: Das origens ao romantismo, de Massaud Moisés, ele é arquitetado com o intuito de tomar valores específicos de culturas locais do Brasil e é ligado diretamente a grupos sociais que vivenciam suas respectivas regiões. Uma das principais característica é a apresentação do clima, costumes e gírias locais. “Por meio disso, o romance regionalista sempre se mostrou na busca de um estilo próprio, aderindo a poucas referências. Tal peculiaridade da literatura recorta o retrato histórico, adotando contos que classificam o verdadeiro povo brasileiro”, afirma.

Geralmente focados na zona rural e fugindo do eixo Rio-São Paulo, os autores do romance regionalista escrevem sobre o Nordeste, a região sul, o planalto paulista e o interior do estado do Rio de Janeiro.

No gênero há muita idealização tanto dos cenários quanto dos personagens, sempre descritos em um tom heroico e espetacular. Quando foi criado, o principal objetivo era criar a imagem de um país grandioso e interessante, impossível de ser comparado com outros por ter características próprias.

Autores do regionalismo

Quando surgiu, há mais de 150 anos, os escritores que se especializaram nesta modalidade literária vieram do Romantismo. Ela começou em meados do século XIX e são quatro os autores considerados como principais expoentes do romance sertanejo ou regionalista: Bernardo Guimarães, tido como precursor do movimento e cuja principal obra é A Escrava Isaura; Visconde de Taunay, seus escritos revelam seu vasto conhecimento sobre o território brasileiro e sobre questões de cunho social e político e publicou Inocência; Franklyn Távora, que acreditava na separação do Brasil entre norte e sul para chegar a uma literatura genuinamente nacional e escreveu o conto O Matuto e os livros O Sacrifício, A Casa de Palha e outros; e José de Alencar, o mais conhecido dentre os autores do gênero escreveu O Guarani, Iracema e Senhora.

É importante que notar que no século XX há escritores de peso no regionalismo, até mesmo mais fortes e estabelecidos do que no começo do movimento. Como exemplo temos José Lins do Rego, de Menino de Engenho, Graciliano Ramos, de Vidas Secas, Érico Verríssimo, de Olhai os Lírios do Campo, e Guimarães Rosa, de Grandes Sertões: Veredas, um dos maiores representantes do gênero.

Mosaico de Reflexões

Um exemplo de romance regionalista atual é Mosaico de Reflexões, de R. P. Barros. A obra passa em vários locais, inclusive no Rio de Janeiro, mas tudo gira em torno de uma disputa de terras no sertão nordestino, cenário muito presente na obra, tanto que é quase um personagem.

O imbróglio começa na década de 1950, na época da posse do presidente Juscelino Kubitschek, e perdura por décadas ao envolver inúmeras pessoas. Bento, o protagonista, busca vingança pela chacina de sua família, algo que ele presenciou quando ainda era criança.

  1. P. Barros escreve sobre o que sabe. Assim como acontece no enredo, o autor teve um grande projeto de irrigação e conviveu, amiúde, com o sertanejo do interior. Ele comenta que durante suas peregrinações pelos grotões do país escutou o relato de uma vingança assemelhada à que redigiu no livro, mas que, obviamente, o indivíduo que chegou para justiçar os parentes não chegou tão longe quanto o protagonista de Mosaico de Reflexões. Segundo o romancista, apesar de não ser uma história real, a trama está ancorada em um episódio calhado nas caatingas do orgulhoso Maranhão.

Mosaico de Reflexões foi publicado em 2020 pela Editora Albatroz e pode ser adquirido aqui.



Website: https://loja.editoraalbatroz.com.br/buscar?q=mosaico


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