Blog

Existe tempo certo para ter o segundo filho?

Existe tempo certo para ter o segundo filho?


A primeira coisa que costumo dizer para as pacientes que pensam em aumentar a família é que temos que pensar nessa nova gestação como um todo, considerar todos os critérios que envolvem esse "intervalo ideal" entre o primeiro filho e o nascimento de uma nova vida.

E-commerce cresce e exige nova estratégia no Brasil
Publicidade

Particularmente, entendo que para definir este "espaço de tempo" é preciso ponderar vários aspectos relacionados às condições familiares, profissionais, psicológicas, sócio- econômicas e até a existência de doenças crônicas que sejam fatores de risco para a mãe e para o bebê (hipertensão, diabete, moléstias autoimunes etc.).

O estado gravídico, apesar de ser um fenômeno fisiológico, promove uma verdadeira revolução no organismo da mulher, alterações estas exigidas para oferecer o "máximo " em benefício do crescimento e nutrição do feto. Para que isto seja alcançado, há uma sobrecarga em todos os sistemas da "máquina humana" feminina. Os sistemas cardio-circulatório, respiratório, hematológico, músculo-esquelético, neuro-endócrino trabalham a mais para garantir as duas vidas (mãe e bebê) e, por isso, as mulheres devem checar se a saúde está em perfeita harmonia antes de engravidar novamente.

Sem dúvida, os aspectos psicológicos que envolvem este estado tão especial precisam ser levados em conta no planejamento familiar. Será que agora é o melhor momento para gestar uma nova vida?

Eu estou bem comigo mesma para engravidar?

O feto depende inteiramente da energia vital, física e emocional da figura materna até chegar a sua nova realidade na terra.

Uma vez chegado neste "nosso mundo de fora", mais demandas surgem na rotina da nova mãe em consequência da mudança radical em suas rotinas: adaptação à amamentação, surgimento de moléstias infantis, fadiga pelas noites insones, descuido alimentar materno, disputa de atenção pelo irmão(ã) mais velho(a) que dão razão para o mote popular "Ser mãe é padecer no paraíso". Nesta fase do pós-parto, sobretudo nas primeiras semanas, podemos dizer que a mãe está vivendo uma "crise existencial" e em busca da adaptação a sua nova tarefa de criar.

É desgastante para a mulher lidar com inseguranças, fantasias sobre "dar conta do recado", sensação de solidão e desconfortos físicos. Dependendo dos casos, essas situações podem levar a fadiga e até mesmo a depressão. A fase de adaptações vai requerer um intervalo entre 6 a 9 meses para a recuperação física, da anatomia genital e da fisiologia como um todo, a readaptação emocional, sexual, conjugal, profissional e social.

Baseados nestas premissas, embora anatomicamente a recuperação já esteja refeita, recomendamos que haja um intervalo mínimo de 18 meses entre um parto e o início de uma nova gestação. Este é também um período que dá condições para o aleitamento materno ser mais prolongado, fator tão importante para a saúde física e emocional do bebê. Tenho por hábito dizer que "peito de mãe não é mamadeira" e nada substitui o aconchego do colo da mãe. Aleitamento materno salva vidas!

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos com grande número de nascimentos, demonstram que naquele país as mulheres têm um intervalo em torno de 2 anos e meio entre as gestações. Não podemos esquecer que é nesta fase que o bebê está estruturando sua personalidade como indivíduo e uma nova gravidez neste momento pode dispersar o foco materno tão necessário para "chocar" adequadamente a sua cria.

Por outro lado, aguardar intervalos muito longos não são recomendáveis diante da necessidade de uma nova adaptação de todos os aspectos acima mencionados. Além disso, a idade muito distante entre os filhos gera demandas tão discrepantes que a mãe terá bastante trabalho para equilibrar as atenções e expectativas.

Clínica PróMatrix - Dr. Cláudio Basbaum - www.claudiobasbaum.med.br

É médico com especialização na Universidade de Paris-França. Professor-Doutor em Ginecologia e Obstetrícia, pioneiro da laparoscopia no Brasil (1967), Introdutor do Parto Leboyer ("Nascimento sem violência") e da técnica "Shantala" (Massagem para bebês) no Brasil e defensor de técnicas menos agressivas à mulher e ao bebê. Membro do Corpo Clínico do Hospital e Maternidade São Luiz em São Paulo.

O ginecologista tem 51 anos de profissão, defende a população feminina de cirurgias mutiladoras desnecessárias há 18 anos, através da campanha "Mulheres, Salvem seus Úteros!". É pioneiro e introdutor no Brasil de diversas técnicas avançadas em medicina como a laparoscopia (1967), videocirurgia - (videolaparoscopia e videohisteroscopia)- 1988  e a embolização para eliminação dos miomas uterinos, desde o ano 2000, procedimentos minimamente invasivos de máxima eficácia terapêutica e com um mínimo de trauma e rápida recuperação.


Publicidade