<p class="titulomateria">Internet M&oacute;vel: A.I. e D.I. (antes e depois do iPhone)</p> <p>Por Marcelo Castelo*</p> <p>N&atilde;o tem jeito, qualquer pessoa que usa o iPhone pela primeira vez fica encantada com o aparelho e suas funcionalidades – GPS, Touch Screen, navega&ccedil;&atilde;o Web, App Store, Aceler&ocirc;metro. Vale fazer uma pausa aqui. As primeiras pessoas que usaram este aparelho s&atilde;o formadoras de opini&atilde;o, das altas classes sociais e com posi&ccedil;&atilde;o de destaque no mercado de trabalho, o que muda tudo quando o assunto &eacute; investimentos em marketing.</p> <p>Aqui est&aacute; o &ldquo;pulo do gato&rdquo; para uma revolu&ccedil;&atilde;o que s&oacute; est&aacute; come&ccedil;ando. Quando os profissionais do mercado publicit&aacute;rio – entende-se anunciantes, ag&ecirc;ncias, ve&iacute;culos, incluindo do presidente ao estagi&aacute;rio – come&ccedil;am a usar o iPhone como o seu celular do dia-a-dia, todos &ldquo;sentem na pele&rdquo; o potencial absurdo de interatividade e branding que o aparelho permite.</p> <p>Neste momento, recordo o meu in&iacute;cio na &aacute;rea de Web (pr&eacute;-bolha), quando quer&iacute;amos fazer websites e, em v&aacute;rias reuni&otilde;es, receb&iacute;amos sonoros &ldquo;n&atilde;os&rdquo; de diretores de marketing, que falavam que n&atilde;o era importante ter um site Web para a marca deles, pois ningu&eacute;m iria acessar (a grande verdade &eacute; que eles n&atilde;o acessavam a Web e, portanto, n&atilde;o viam muita import&acirc;ncia nela). Sabemos que a realidade hoje &eacute; bem diferente: n&atilde;o conhe&ccedil;o nenhum anunciante que n&atilde;o tenha um website e n&atilde;o acredite no crescimento deste meio.</p> <p>Mas, voltando ao iPhone, t&atilde;o importante quanto o aparelho &eacute; a conex&atilde;o. Aqui vale destacar o lan&ccedil;amento em massa das redes 3G das operadoras em 2008. Esse p&uacute;blico classe A est&aacute; acostumado a navegar em banda larga nas suas casas e escrit&oacute;rios e, portanto, n&atilde;o aguenta mais navegar na &ldquo;Internet discada&rdquo;. Junto com a velocidade, existem os pacotes de dados, no qual o usu&aacute;rio paga um valor fixo e navega &agrave; vontade (nota: se voc&ecirc; n&atilde;o tem um pacote de dados, n&atilde;o use o iPhone, a chance de voc&ecirc; ter que vender a geladeira para pagar a conta de telefone no final do m&ecirc;s &eacute; grande).</p> <p>Velocidade (al&eacute;m do 3G, n&atilde;o podemos esquecer da conex&atilde;o WiFi), &oacute;tima experi&ecirc;ncia de navega&ccedil;&atilde;o e mobilidade formam um trip&eacute; imbat&iacute;vel. Tanto que os h&aacute;bitos est&atilde;o sendo mudados. Eu, por exemplo, quando estou em casa e preciso acessar a Internet, utilizo o iPhone em 90% dos casos. V&aacute;rios outros conhecidos fazem o mesmo. &Eacute; muito mais f&aacute;cil do que ir at&eacute; o escrit&oacute;rio, ligar o computador, abrir o browser etc. D&aacute; at&eacute; para ficar brincando na Internet, assistindo &agrave; TV, sem ter que ficar queimando as pernas com aquele notebook pesado em cima de voc&ecirc;.</p> <p>O que falta, ent&atilde;o, para este produto se massificar? A resposta, com certeza, &eacute; o pre&ccedil;o, pois n&atilde;o podemos esquecer que moramos num Pa&iacute;s do Terceiro Mundo, ops&hellip; emergente. Atualmente, os especialistas falam em cerca de 500 mil iPhones no Brasil. Logo, logo, ser&atilde;o 1 milh&atilde;o. J&aacute; existem, hoje, outros aparelhos similares de marcas como Samsung, G1, BlackBerry e Nokia que formam esta nova categoria, fora todos os futuros lan&ccedil;amentos, que tornar&atilde;o a base ainda maior. E a&iacute; surge o ganho de escala, que permite uma queda dr&aacute;stica do pre&ccedil;o. Veja por exemplo que, pouco tempo atr&aacute;s, uma TV de LCD de 40 polegadas era quase o pre&ccedil;o de um carro 1.0!</p> <p>Mesmo com &ldquo;pre&ccedil;os altos&rdquo;, come&ccedil;am a surgir curiosidades. Recentemente, vi uma pesquisa na qual um jovem pertencente &agrave; classe C/D e que n&atilde;o possui computador pr&oacute;prio havia comprado um iPhone de segunda m&atilde;o (j&aacute; tem gente vendendo iPhone usado por menos de R$ 500,00). Questionado sobre o motivo da escolha do iPhone, a resposta foi a seguinte: &ldquo;Pra que comprar um computador?&hellip; O meu iPhone &eacute; um celular (inclusive, j&aacute; fiquei com algumas meninas por causa dele), um MP3 Player e um computador com acesso &agrave; Internet gr&aacute;tis. &Eacute; s&oacute; usar o WiFi ao lado de caf&eacute;s com redes abertas!&rdquo;</p> <p>N&atilde;o tenho d&uacute;vida que, no m&eacute;dio prazo, a &ldquo;categoria iPhone&rdquo; ser&aacute; uma categoria massificada, levando a reboque a explos&atilde;o da Internet M&oacute;vel. No Reino Unido, por exemplo, o n&uacute;mero de acessos &agrave; Internet por meio de dispositivos m&oacute;veis cresceu 25% no terceiro trimestre de 2008 em rela&ccedil;&atilde;o ao mesmo per&iacute;odo do ano anterior. Outro estudo, realizado pelo Pew Internet &amp; American Life Project, aponta que o celular ser&aacute; o principal meio de acesso &agrave; Internet em 2020.</p> <p>Daqui a pouco, n&atilde;o ter um site m&oacute;vel ser&aacute; o mesmo que n&atilde;o ter um &ldquo;site tradicional&rdquo;. Ou voc&ecirc; acha que um site feito para uma tela de 15 polegadas vai ficar 100% legal numa tela de 3&Prime;? Os portais de conte&uacute;do est&atilde;o se mexendo: lan&ccedil;aram suas vers&otilde;es para iPhone e j&aacute; est&atilde;o vendendo espa&ccedil;o publicit&aacute;rio. Para os anunciantes &eacute; muito interessante, pois, para quem ainda n&atilde;o sabe, as taxas de clique em banner no celular gira em torno de 5%, uma enormidade perto dos 0,1% m&eacute;dio do banner na Web. Em uma tela pequena, o banner &eacute; muito mais vis&iacute;vel, j&aacute; que percentualmente ocupa um espa&ccedil;o maior que na Web!</p> <p>Este &eacute; o cen&aacute;rio! As empresas que n&atilde;o est&atilde;o preparadas j&aacute; est&atilde;o atrasadas e causam insatisfa&ccedil;&otilde;es em seus clientes. Infelizmente, ainda n&atilde;o consigo entrar no site do meu banco, porque o teclado virtual n&atilde;o funciona no iPhone. Enquanto eles n&atilde;o desenvolvem a solu&ccedil;&atilde;o, minha &uacute;nica sa&iacute;da &eacute; reclamar com o SAC, mas talvez o banco s&oacute; v&aacute; se mexer quando o presidente tentar entrar no seu pr&oacute;prio site, pelo iPhone que ele ainda vai usar, e n&atilde;o conseguir.</p> <p>* Marcelo Castelo &eacute; s&oacute;cio-diretor da <a href="http://www.fbiz.com.br/" target="_blank">F.Biz</a>. Formado em administra&ccedil;&atilde;o de empresas e p&oacute;s-graduado em Marketing, ambas pela FGV-EAESP, trabalhou no Marketing na Unilever antes de ser um dos fundadores da <a href="http://www.fbiz.com.br/" target="_blank">F.Biz</a>.</p>
Internet Móvel: A.I. e D.I. (antes e depois do iPhone)
27 de janeiro de 2009