O coronavírus acelerou a busca das empresas pela transformação digital. Da noite para o dia, muitas se viram obrigadas a migrar para o ambiente online para sobreviver, mesmo com pouca ou nenhuma experiência nesse formato de vendas e relacionamento. Os consumidores, precisando ficar dentro de suas casas, passaram a comprar mais pela internet e buscar delivery das mais diversas categorias. As marcas que quiserem ser vistas e lembradas precisam de um posicionamento digital forte, isso porque todos os setores da economia foram impactados diretamente.

Nem mesmo supermercados, que são tidos como serviços essenciais, estão fora de uma possível quebra – aqueles que não investirem em delivery, loja virtual ou não oferecer um atendimento de qualidade em prol da saúde dos clientes pode sofrer grandes prejuízos. Até o e-commerce, que registrou um aumento de 180% nas vendas, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, não pode relaxar nesse momento. Questões como prazo passaram a ser urgentes e o pós-venda precisa ser impecável para garantir a recompra.

Antes do coronavírus, a entidade previa uma alta de 18% na receita do comércio eletrônico do país em 2020, chegando a R$ 106 bilhões, no entanto, agora planeja revisar a estimativa inicial.  Em meio à turbulência econômica, os varejistas estão buscando nas vendas online a alternativa para manterem seus negócios e o relacionamento com seus consumidores.

Um ponto de atenção é a jornada de compras do consumidor, que vem mudando há anos e pedindo das companhias uma atenção quase que constante. As buscas pelo produto ou serviço começam na internet. Preço, condições de pagamento e opiniões dos compradores, consequentemente, são levados em consideração antes de fechar a compra. Isso pede que os gestores se atentem às técnicas utilizadas para melhor atender às expectativas do cliente e atraí-lo para o que vende.

Antes da pandemia, muitas empresas já não estavam preparadas para essa mudança, como afirmou Marcelo Pires, sócio-diretor da Neotix Transformação Digital. Agora, por necessidade, elas têm sido lançadas para a prática ainda estando na teoria. Sem nenhum preparo, elas precisam estar bem amparadas para que as dificuldades não prejudiquem ainda mais o negócio.

O que se percebe no momento atual é que a corrida por inovação de última hora trouxe um amadurecimento repentino a alguns setores – outros ainda possuem pequenos nomes em destaque, mas que precisam agir rapidamente a fim de não perder o cliente. Após a pandemia, as lições serão mostradas junto a planilhas e quem ousar e tiver pensado no bem coletivo se sairá em vantagem.

Veja o que os setores da economia estão fazendo em meio a pandemia.

Entretenimento

O avanço do coronavírus no Brasil vem mudando o cotidiano da população, que está sendo orientada a evitar locais de grande concentração, com escolas cancelando as aulas e profissionais orientados a trabalhar remotamente. O cenário torna os serviços de conectividade, informação e comunicação ainda mais essenciais. Com a reclusão em casa, muitos consumidores se voltaram para o entretenimento na TV e plataformas de streaming. O streaming de vídeo (74%) e áudio (43%) foram os mais comprados por brasileiros na quarentena segundo pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa & Data Analiytics Croma Insights. Empresas do ramo apostaram em cativar esse consumidor.

Atenta a esse cenário, a Claro instalou um comitê de crise para avaliar, de forma contínua, a disponibilidade e capacidade da sua rede e serviços tendo em vista a evolução dos casos de covid-19 no Brasil e o impacto das medidas preventivas adotadas pelos órgãos competentes. Como ações imediatas e emergenciais, a Claro colocou em prática uma série de iniciativas que visam apoiar a sociedade brasileira, incluindo clientes e até quem não tem serviços contratados, no intuito de manter os brasileiros conectados e informados durante todo o período de combate ao vírus.

Na Banda Larga fixa, a operadora aumentou gradativamente a velocidade para todos os assinantes, melhorando a experiência dos clientes que ficarão em casa nos próximos dias. A ampliação da velocidade, além da normalmente contratada, será concedida a todos os clientes, sem qualquer custo. As medidas serão implantadas aos poucos, para garantir otimização das velocidades. Na rede móvel, a Claro adotou a concessão gradativa de bônus de Internet para seus clientes pós-pagos, permitindo que se mantenham conectados com fontes oficiais de informação, familiares e médicos. Clientes pré-pagos que consumirem toda a sua franquia poderão ganhar um bônus diário de 100MB para continuar navegando. Para isso, deverão assistir à campanha de conscientização produzida pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus. Clientes dos planos pré-pagos semanais e mensais também receberão bônus que permitam expandir sua conectividade no período da oferta. A empresa liberou também sua rede de Wi-Fi disponível em locais públicos (aeroportos, parques, restaurantes etc.), que teve conexão concedida por tempo limitado para quem aceitar a exibição dos vídeos de prevenção disponibilizados pelo Ministério da Saúde.

Já a Oi abriu o sinal de canais de diversos gêneros para todos os clientes dos seus serviços de TV por assinatura (satélite e IPTV), em apoio à recomendação dos governos de que a população permaneça em casa para conter a disseminação do novo coronavírus. Entre os sinais abertos estão Nick, Nick Jr, E!, AXN, A&E, H2, Lifetime, Cinemax, Sony, Canais Telecine, Comedy Central, VH1 Megahits e Paramount. A ação é uma das iniciativas que a Oi está realizando para minimizar os impactos causados pelo coronavírus e é válida para clientes de todas as regiões do país.

Para as crianças, o Discovery Kids está liberando todo o conteúdo de seu aplicativo Discovery Kids Plus, para ajudar os adultos a manterem as crianças entretidas durante o surto atual de covid-19. Entre os muitos conteúdos disponíveis se destaca uma série de livros interativos que as crianças podem ler com seus pais ou escutar sozinhas enquanto interagem com o conteúdo, incluindo títulos como “Baby Dolores”; “As cores primárias”; e “Doki e os gorilas”, e mais de 50 jogos inspirados nos personagens principais do canal e desenvolvidos com o objetivo de promover a memória e as aptidões artísticas de uma maneira divertida; além de clips musicais, vídeos curtos e episódios completos dos programas favoritos das crianças.

Além disso, muitos artistas estão remarcando datas de shows e turnês e os substituindo por transmissões ao vivo via internet. O "Festival Música em Casa" vem contando com a participação de dezenas de artistas, em sua maioria do cast da Universal Music e GTS. Apresentados em um formato intimista, os shows estão sendo realizados sempre às 19 horas. Diversas marcas vêm patrocinando essas apresentações ao vivo, posicionando as transmissões como um atraente filão para ações de Marketing.

A atenção às produções estão se voltando a possíveis aglomerações nessas lives, tornando o que seria benéfico à empresa pela visibilidade um dano, caso os espectadores entendam como “lucro a todo custo” e risco à vida dos trabalhadores. Exemplos de transmissões que fizeram sucesso sem grande equipe foram Ivete Sangalo (de pijama, na sala de casa com marido, filho e um cameraman), Sandy (no estúdio em casa, com marido, irmão, pais e cunhada) e Dua Lipa (em casa, com cada integrante da equipe em suas respectivas casas em telas distintas de aplicativo).

Supermercados

Depois do aumento de casos de coronavírus no Brasil, vídeos de pessoas brigando para comprar nos supermercados aqui e no exterior viralizaram nas redes sociais. Resultado: o papel higiênico, um dos itens mais procurados, registrou aumento de venda de 102% com uma ruptura que subiu de 6,9% em fevereiro para 9,3% em março (até o dia 14), segundo a Neogrid, empresa especializada na sincronização automática da cadeia de suprimentos.

De acordo com os estudos da empresa, a ruptura geral estava em 11,4% do mês de janeiro, caiu para 11,1% em fevereiro e subiu em março (média até o dia 14/3) para 11,3% quando realmente começou o aumento de casos da doença. O índice de ruptura subiu por causa de vendas pontuais como antisséptico para mãos (álcool em gel) e álcool – ou seja, produtos de higiene e limpeza. Papel higiênico obteve crescimento, provavelmente, pelos que se espelharam em outros países. Além disso, foi percebida uma falta de velocidade no abastecimento das gôndolas dos supermercados. Como estes não eram produtos que, normalmente, os repositores estão acostumados a abastecer, eles demoraram um pouco mais para voltar.

Já as vendas nas plataformas online surpreenderam diversas empresas do ramo. O Grupo Pão de Açúcar que possui os sites Extra.com.br e PaodeAcucar.com.br teve uma procura tão alta que não soube lidar com a logística em um primeiro instante, mas seguiu sendo pioneiro em muitas regiões. As startups da categoria que ainda patinavam em adesão, de repente puderam mostrar suas vantagens.

O Zipp é um supermercado 100% online que desde 2017 atende o mais variado tipo de público no Rio de Janeiro. Com a pandemia na cidade, dobrou o número de pedidos diários, onde houve um crescimento significativo de pessoas acima de 65 anos, público que não costuma utilizar compra por aplicativo. A empresa obteve um crescimento no último mês de mais de 150%, onde mais de 20% dessa busca foi de clientes acima de 65 anos. Isso mostra que o cenário mudou e deve mudar ainda mais.

A empresa ampliou no último mês a equipe para aumentar ainda mais a disponibilidade de entregas. O app incentiva que os clientes adotem a forma de pagamento online para otimizar a entrega e diminuir o contato físico nesse momento, podendo ser deixado na portaria do local. O supermercado online tem produtos desde hortifruti orgânicos, a produtos veganos, pet, carne e iogurte.

As lojas físicas também passaram por ajustes, como foi o exemplo da rede de supermercados Pague Menos, que constituiu o Comitê de Prevenção na primeira quinzena de março e desde então realiza reuniões diárias com todos os integrantes, via plataforma digital, com foco em sanar as dúvidas de clientes e colaboradores e colocar em prática ações contribuam com a segurança de clientes e colaboradores.

Uma das ações para contribuir com o distanciamento social é oferecer comodidade para que o cliente não precise ir até a loja física. Com isso, o e-commerce da Rede de Supermercados Pague Menos, lançado em dezembro de 2019, tem evoluído de forma positiva e com boa receptividade dos clientes – inclusive de idosos e pessoas sem experiência anterior em compras online.  A rede ainda abriu 268 vagas emergenciais para garantir que as lojas permaneçam abastecidas e que os clientes sejam bem atendidos. As vagas disponíveis são na maioria para operadores de loja e caixa e tem por objetivo atender a todas as lojas.

Compras online

As novas práticas de isolamento devido ao Coronavírus impuseram a muitas empresas a necessidade de adaptação no modelo de negócios. Os supermercados, por exemplo, apresentaram forte demanda em seus e-commerces. Segundo uma recente pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) em parceria com a empresa focada em e-commerce Compre & Confie, houve um aumento de 80% no consumo online em supermercados nos meses de fevereiro e março deste ano, sendo o crescimento de março já relacionado à crise do coronavírus. Esse crescimento agudo, claro, exigiu das empresas um trabalho de estruturação e posicionamento no ambiente digital.

De acordo com Daniel Palis, sócio fundador da agência de Marketing Digital Calina, o trabalho junto aos supermercados consiste resumidamente em três pilares: entender o comportamento do consumidor no ambiente online, posicionar a marca da maneira mais assertiva possível e estabelecer canais de atendimento extremamente ágeis e assertivos, o que inclui desde soluções online, como chats, até alternativas mais convencionais, como telefone.

É preciso entender o funil de venda para compreender todo o caminho trilhado para o consumidor chegar ao e-commerce. Nessa estrada, por assim dizer, é preciso posicionar a marca de forma clara. Depois, já no site do cliente, o trabalho é viabilizar excelência na experiência de compra, o que contempla uma série de tags e outros detalhes complexos. Vale destacar ainda que o site precisa ser responsivo, ou seja, projetado para se adaptar a qualquer tipo de resolução, como smartphones ou notebooks, sem distorções.

Alguns dados de mercado podem sinalizar os caminhos dos consumidores virtuais. De acordo com dados recentes disponibilizados pela Kantar – Divisão de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria da empresa Londrina WPP – as principais fontes de pesquisa para saber em qual supermercado fazer as compras são o Facebook (65,2%) dos usuários, seguido por Instagram (46,9%) e WhatsApp (42,1%).

O fundador da Calina acrescenta também a importância de estabelecer canais de comunicação ativos e resolutivos com o cliente, desde chats nos sites, até números e WhatssApp e linhas telefônicas. É preciso manter sempre o contato com o cliente, não apenas para venda, mas também para esclarecer eventuais dúvidas neste momento difícil que todos os brasileiros estão vivendo. De toda forma, essa transformação digital que todos estão sendo obrigados a ultrapassar, pode ser muito valiosa não só durante a crise, mas no cenário pós-pandemia.

Autosserviço

As vendas nos maiores varejistas de Autosserviços do país, entre os dias 9 e 15 de março, registraram queda de 3% na comparação com a primeira semana do mês por conta do desempenho da cesta de produtos de Commodities, Higiene & Beleza e Limpeza. Na primeira semana deste mês, antes do avanço da COVID-19 pelo país, o volume de compras de Autosserviço teve alta de 11,5%, em relação à última semana do mês de fevereiro. Esse desempenho foi impulsionado, sobretudo, por suprimentos de abastecimento de emergência e de saúde. No entanto, ela avalia que, à exceção dos itens relacionados à proteção da saúde e higiene (álcool gel e itens de limpeza), a compra de insumos básicos de alimentação costuma ser alta nos primeiros dias.

Vale ressaltar que em março algumas pessoas fizeram compras maiores, o que pode ser um reflexo do cenário do novo Coronavírus. De acordo com o levantamento, que compila o faturamento de cerca 150 cadeias de Autosserviço do país, a venda de produtos de Commodities na segunda semana de março caiu 16,9% na comparação com a semana anterior. Os maiores recuos foram registrados nas vendas de leite (-28,4%), açúcar (-15,8%), arroz (-13,4%) e café em pó (-10,8%). A cesta de Higiene & Beleza teve baixa de 6%, por conta do desempenho negativo nas vendas de fraldas descartáveis (-13,3%) e produtos para tratamento de cabelo (-13,2%).

As vendas de suprimentos alimentícios tiveram desempenho negativo de 3,9%, com destaque para leite condensado (-20,4%), caldos (-17,7%) e tempero industrializado (-15,8%). Por outro lado, as vendas de produtos industrializados ficaram estagnadas nesse período. As três maiores quedas foram em margarinas (18,8%), petit suisse (-8%), batatas congeladas (-6,4%). Já as três maiores altas neste segmento foram açaí (28,4%), soverte (+19%) e vegetais congelados (+15,6%).

Apesar de um declínio no faturamento em geral no Autosserviço, alguns produtos seguem com a performance em alta. A venda de álcool em gel avançou 214%, álcool de limpeza +101% e respiratórios +54%. Outro destaque é para os produtos para máquinas de lavar louça, alta de 30,3%; e para os chamados facilitadores para passar roupas, expansão de 15,3% no período.

As únicas cestas, segundo a Nielsen, que registraram desempenho positivo no período foram a de Bebidas (9,4%) e Eletrônicos & Portáteis (+1,8%). A primeira foi alavancada por maiores vendas de champagne (32,4%), vinho (26,2%), água mineral (23,5%), isotônicos (22,3%), entre outros. O faturamento de cerveja cresceu 6,9%. Na segunda cesta, os brasileiros procuraram por monitor (+30,9%), freezer (+28,0%) e exaustor de ar (+14,5%).

Varejo

Do dia para a noite, o planeta criou uma nova forma de funcionamento. Todos estão agindo sob o comando do COVID-19, um novo vírus desconhecido, que mudou os hábitos e cuja desinformação causa medo. O medo, por sua vez, alimenta o pânico, que aciona no cérebro mecanismos de sobrevivência, manutenção da vida e do corpo. O instinto natural é correr para os supermercados e abastecer a despensa, a geladeira e não morrer de fome, se forçados a uma quarentena.

Ninguém afirmou que faltaria comida e ninguém em outro lugar do mundo morreu de fome por causa do Coronavírus. Mesmo assim, fotos de gôndolas vazias e supermercados cheios povoam, de modo alarmante, a internet e o imaginário das pessoas – e quando alguém publica uma imagem assim, pratica um grande desserviço à sociedade.

Para Edmar Bulla, CEO do Grupo Croma, esse pico vai passar, mas até que a contingência não termine, alguns se desgastam mais do que outros. Contudo, na internet, uma imagem fala por mil palavras e o pico de consumo já está criado e potencializado exponencialmente. Contê-lo é tão inglório quanto tentar reconduzir uma manada desgovernada, mesmo que ela caminhe para um desfiladeiro, mesmo que ela não saiba disso.

Para o especialista, estamos atravessando um momento atípico de estocagem, especialmente de alimentos não-perecíveis, algo que não deveria ser feito. Além de não haver motivo para comprar além do necessário, esse ato gera um desbalanceamento em toda a cadeia de abastecimento: do produtor até o ponto de venda. Educar, portanto, ainda é a melhor forma de combater o vírus e recalibrar as nossas emoções. Bulla acredita que os varejistas ainda não dedicaram esforços em massa para informar, comunicar e educar.

De acordo com estimativa da assessoria econômica da FecomercioSP, o consumo no curto prazo deve ser de produtos básicos, como alimentos, remédios e produtos de higiene. Bens duráveis e semiduráveis, como eletroeletrônicos, roupas, móveis, tendem a ter suas compras adiadas. Como grande parte das empresas está adotando o sistema de home office, as aquisições comumente feitas por impulso – na hora do almoço, ou no fim do expediente, por exemplo – também sofrerão baixas.

A Federação avalia que em relação aos supermercados, a tendência é que não haja um desabastecimento de forma geral, porque, diferentemente de outras crises recentes (como a greve dos caminhoneiros), a produção agrícola se encontra em bom nível e os transportes estão funcionando, até o momento, normalmente. Entretanto, como a China é importante fornecedor de insumos para a indústria brasileira, alguns segmentos já enfrentam dificuldades em manter a produção por falta de matéria-prima, como o de eletroeletrônicos. Se a situação se mantiver por um período mais longo, e esse processo for ampliado, é possível ter consequências em outros setores, como o automobilístico.

Já os valores das mercadorias ficam à mercê de algumas variáveis – como capacidade do fornecedor de entrega e possível aumento de custo no período, principalmente de produtos e matérias-primas importados com cotação em dólar ou em euro. A Instituição recomenda que os comerciantes de bens duráveis não ampliem os estoques. Esse não seria o momento de investir, endividar-se ou assumir compromissos no longo prazo. A FecomercioSP também orienta os empresários que busquem entender o cenário, e o impacto social, sem elevar o preço dos produtos. Se os consumidores de rendas menores não conseguirem comprar itens de prevenção, como o álcool em gel e os remédios básicos, isso pode gerar ainda mais proliferação da doença.

Além disso, os empreendedores devem ficar atentos ao fluxo de caixa e aos gastos fixos, além de avaliar se vale a pena abrir o estabelecimento todos os dias e nos mesmos horários, diante da queda na demanda. Outra orientação importante é sobre opções de atendimento a distância, utilizando redes sociais, ou de entregas de produtos de forma alternativa, via Correios para todo o Brasil; ou por aplicativos, que atendem às demandas locais com motoboys.

Shoppings

Sobre a movimentação, como era de se esperar, a quarentena estipulada pela maioria dos estados e municípios do país derrubou o fluxo de visitantes e de vendas em lojas e shopping centers do Brasil. Os dados são do Índice de Performance do Varejo (IPV), realizado em conjunto pela FX Retail Analytics, especializada em monitoramento de fluxo para o varejo, e pela F360º, plataforma de gestão de varejo para franquias, pequenos e médios varejistas em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

No total, as lojas físicas do país registraram uma queda de 46,38% no fluxo em março na comparação com o mesmo mês de 2019 e de -43,27% em relação a fevereiro de 2020 – o acumulado do ano despencou para -15%. Já a movimentação dos shopping centers caiu 44,57% em março no comparativo com o ano anterior e -39,69% na análise com fevereiro – o acumulado de 2020 é de -16,84%.

O indicador também comparou o fluxo de visitantes de lojas de rua e de centros de compras. Os pontos de venda em ruas tiveram uma queda de 35,26% em relação a março de 2019 e de -24,36% no comparativo com fevereiro, com acumulado de -15,56% no ano. As lojas de shopping centers sofreram mais: recuo de 50,08% em relação ao ano passado e de -48,79% ao mesmo anterior – acumulado de 2020 é de -14,82%.

Mesmo com as lojas abertas na primeira quinzena do mês, a redução do fluxo de visitas caiu drasticamente e não sustentou o movimento nas lojas. Devido a quarentena, o nível de consumo passou a ser diferente, porque o consumidor tem outro grau de confiança e está mais focado em itens essenciais, o que explica o crescimento em Farmácias. A categoria Drogaria é a única que registrou um aumento no total de consumidores em março. O crescimento foi de 16,39% em relação ao mesmo período de 2019 e de 22,46% no comparativo com fevereiro de 2020.

Os segmentos Moda e Ótica tiveram as piores quedas no levantamento, com -53,81% e -52,64%, respectivamente, na comparação com março de 2019, e de -53,28% e -49,85 em relação ao mês anterior. Calçados também caiu de forma significativa: -45,10% na análise com 2019 e -53,50% com fevereiro.

Departamento recuou -46,13% em relação a março de 2019 e -35,27% ao mês anterior. Beleza caiu -39,97% na análise com o ano passado e -33,78% com fevereiro deste ano, enquanto Eletrônicos despencou -39,18% e -33,54%, na mesma ordem dos períodos levantados. Já Home Center teve queda de -26,99% na comparação com o ano anterior e -18,63% em relação a fevereiro.

A análise regional levou em consideração as lojas físicas e os shopping centers. Contudo, ainda que a região Sudeste tenha o maior número de casos da COVID-19 no país, é o Sul que registrou as maiores quedas no fluxo de pessoas no varejo. Apenas com lojas físicas, a região caiu -61,93% em relação a março de 2019 e -64,81% a fevereiro de 2020. Já em shopping centers, a queda foi de -55,77% no comparativo com o ano passado e de -41,98% com o mês anterior.

As lojas do Sudeste caíram -45,71% no comparativo com o ano anterior e -43,84% com fevereiro de 2020, enquanto os shopping centers tiveram queda de -45,31% e -40,46%, respectivamente. Já o Nordeste registrou recuo de -47,25% em relação a março de 2019 e -35,37% na comparação com fevereiro deste ano no fluxo de lojas físicas, e de -38,04% e -37,48% nos mesmos períodos em seus centros de compras.

Na região Norte, as lojas caíram -27,09% na comparação com março de 2019 e -32,30% com fevereiro de 2020, e os shopping centers caíram -24,15% e -35,65% na mesma ordem dos períodos analisados. Por fim, as lojas físicas do Centro-Oeste registraram quedas de -69,18% em relação ao ano anterior e -43,64% na comparação com fevereiro – não há dados de centros de compras para esta região.

O recuo na quantidade de consumidores em lojas e shopping centers também afetou as receitas das lojas. No comparativo com março de 2019, houve redução de -36% tanto na quantidade de vendas quanto no volume financeiro. Já em relação a fevereiro de 2020, o recuo foi de -29% na receita e de -26% na quantidade de vendas.

Moda

A pandemia tem mobilizado diversos fabricantes de moda a se reinventarem. A marca de roupas masculinas Armadillo apoia a quarentena para evitar o avanço do coronavírus no país. Para isso, está atendendo os clientes na loja online e liberou descontos de até 50% nas peças ou 15% de desconto mais frete grátis usando o código do vendedor. Assim como a Armadillo, a Papel Craft também implementou códigos de desconto para os vendedores de todas as lojas. Além disso, para facilitar a vida das consumidoras, a marca está com 25% de desconto no site e frete grátis.

Já a loja Hector Ângelo desenvolveu a campanha “Você não está sozinho” para sensibilizar a sociedade da importância de não parar as doações para as pessoas em situação de rua, neste período de isolamento social, por conta da prevenção ao Covid-19. A ação liderada por John Maia, homem trans, ex-morador de rua, hoje porteiro de um edifício residencial, atende cerca de 120 pessoas na região central de Goiânia, de forma permanente, e conta apenas com doações da comunidade e algumas instituições. Segundo John, ele saiu das ruas porque foi dada a ele uma oportunidade e hoje ele quer oferecer o mínimo de alento para aqueles que tem como colchão o chão, assim como ele teve um dia. Além disso, Hector Angelo disponibilizará em seu perfil, nas redes sociais, um desenho com alertas sobre a prevenção e combate ao coronavírus para as pessoas colorirem e tentarem preencher seu tempo, não se esquecendo dos cuidados e de quem devemos valorizar nesse momento de crise.

A Pajaris fez um um pacto entre fornecedores, costureiras e clientes para reduzir os valores dos serviços e custos de produção e assim, praticar o preço com 40% em todo o site. Com isso, a grife de moda praia dos irmãos Camila e David Panades consegue manter as costureiras trabalhando de casa de forma segura, mantendo seus empregos e dessa forma, continua a fazer os lançamentos mensais com desconto, permitindo ter uma venda mínima para manter as funcionárias, fornecedores e parceiros sem deixar de lançar novidades para as clientes.

Além disso, há aquelas que estão mudando sua linha de produção para passar a fabricar máscaras de proteção. A Louis Vuitton, na França, passou a produzir centenas de milhares de máscaras de proteção não-cirúrgicas, reorganizando suas oficinas francesas em Marsaz e Saint-Donat (Drôme), Saint-Pourçain (Allier), Ducey (Manche) e Sainte-Florence (Vendeia), nas quais trezentos artesãos são mobilizados em resposta ao apelo do Governo Francês em aumentar a produção de máscaras não-cirúrgicas para apoiar medidas contra o Covid-19. No Brasil, diversas fabricantes de diversos portes estão pausando suas atividades para focar na produção de máscaras. Parte do que é produzido é posta à venda e outra segue para doação às instituições de saúde.

O impacto do coronavírus fez com que as empresas adotassem medidas para estimular as vendas, principalmente aquelas que oferecem o e-commerce. A franquia Mardelle, rede especializada na comercialização de artigos de moda íntima, trabalha desde 2016 com vendas on-line pelo site da empresa. Porém, nas últimas semanas, viu as vendas dobrarem de volume. Para fomentar as vendas on-line, foram criadas campanhas. Entre elas, o frete grátis para todo o Brasil, descontos em peças com preços competitivos, promoção comprando seis peças o cliente só paga cinco, além de poder parcelar em até seis vezes sem juros.

Por ser uma rede fortemente atuante na grande Belo Horizonte – na região mineira são 14 unidades – as entregas das compras on-line na região metropolitana vêm ocorrendo por meio do motoboy da empresa, que até então estava ocioso. Nas demais regiões do país, as peças são enviadas pelos Correios. Para atender a demanda, gerentes e supervisores viraram vendedores: a separação dos produtos é feita na central, onde são monitorados todos os estoques das lojas e de onde são despachados todos os pedidos.

Educação

Com milhares de casos confirmados para a Covid-19 registrados no Brasil, o fechamento das escolas públicas e privadas segue operando como medida para conter o vírus. Nesse contexto, para não deixar que o ano letivo seja afetado, as instituições de ensino tiveram que acelerar os investimentos em ensino à distância. Ferramentas como Google Class, Zoom, Microsoft Team, Skype, entre outros, passaram a ser utilizados como forma de manter as atividades em dia sem que houvesse perda de conteúdo.

Para os alunos, esse é o momento em que vão entrar na realidade de muitos jovens em todo o mundo – o de estudar de maneira híbrida, mesclando online e offline. Essa geração em idade escolar não sabe o que é o mundo sem tecnologia e tem um senso de urgência muito grande. O acesso ao conteúdo não pode ser limitado, o aprendizado tem que vir de multicanais e sem ocupar todo o horário livre da criança. 

O frenesi da pandemia atinge de forma ainda mais intensa as famílias que, naturalmente, com a suspensão das aulas presenciais, ficam mais sobrecarregadas tendo que acompanhar os filhos nas atividades pedagógicas, agora realizadas à distância. Por isso, é importante as escolas estarem atentas para a dinâmica do processo de comunicação: aulas, informações, orientações e medidas podem mudar ao longo de um único dia, e elas devem se preparar para seguir o mesmo ritmo de atualização.

A gestão escolar, então, aparece como um dos principais fatores de sucesso nos processos educacionais. Os colégios hoje precisam trabalhar em três frentes: entregar o conteúdo virtualmente, ou seja, as aulas; produzir materiais e informativos atualizados sobre o que elas têm feito sobre a prevenção do coronavírus e, por fim, um relacionamento digital que busque interagir e apoiar o tempo todo as famílias que estão em quarentena, segundo José Francisco Lopes, diretor da EMME, plataforma de Marketing educacional.

Fortalecer a relação entre escola e famílias, sobretudo em um contexto em que a proximidade física não acontece e determinados serviços, como a secretaria, deixam de funcionar, é crucial para continuar a parceria nessa jornada. Um dos caminhos, nesse sentido, é deixar a comunicação o mais transparente possível, visando transmitir segurança para colaboradores, alunos e, principalmente, os pais.

Nessas situações, segundo Lopes, desenvolver um relacionamento digital afetivo com as famílias, procurando oferecer materiais que deem apoio ao conteúdo pedagógico, vai ajudá-los a interagirem de forma positiva com os filhos. Para as crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, esses materiais precisam engajar a criança e a família, criando um ambiente relaxante e divertido para todos. Brincadeiras, histórias e leituras que tragam o lúdico, a fantasia, o fantástico e o fictício são importantes para complementar o aprendizado dos mais jovens. Já para os alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, atividades que desenvolvam a autonomia e a independência e tenham um maior volume de conteúdo pedagógico são o mais recomendado nesse momento.

Outro ponto importante que as escolas deverão repensar é o calendário de eventos que costumam acontecer todo ano, como reunião de pais e mestre, aulas de recuperação, além de efemérides, como Páscoa, Festa Junina e Dia das Mães, por exemplo. Ele comenta que, por ser uma experiência sem precedentes, as escolas podem não ter condições de realizar essas ações presencialmente e, por isso, precisam pensar em alternativas para que as datas comemorativas sejam celebradas pelo meio digital, com a participação das famílias, em casa.

Para isso, as lideranças da escola precisarão transformar todos os serviços que faziam de uma estrutura física, para uma estrutura digital. Para Lopes, plataformas educacionais oferecidas pelos mais importantes sistemas de ensino ou pelos gigantes da tecnologia podem ajudar os diretores e gestores nesse momento, pois elas já possuem as ferramentas necessárias para fazer essa adaptação.

Case Educacional

A organização sem fins lucrativos Khan Academy lançou novos recursos por meio de sua plataforma gratuita e online de educação. A iniciativa foi possível pelas doações que a plataforma recebeu de grandes empresas como Bank of America, Google e AT&T, que totalizaram cerca de US$ 3 milhões especificamente para os novos recursos.

O cenário foi evidenciado pelo pico de demanda observado na plataforma durante o fechamento das escolas e a importância do trabalho desenvolvido, entretanto, chamou atenção destas empresas internacionais. Outro aspecto importante no qual a Khan também está engajada, é a colisão global de educação organizada pela UNESCO, para apoiar os países na ampliação de suas melhores práticas de ensino à distância e no alcance de crianças e jovens em maior risco.

Além dos professores, os pais também são figuras essenciais no processo de ensino-aprendizagem durante a quarentena. O apoio para o entendimento das atividades, resolução de exercícios e orientação do que deve ser estudado é bastante importante. A organização criou conteúdos de apoio exclusivos para informar e guiar pais e professores na rotina de estudos. Este plano envolve o desenvolvimento de recursos online com a publicação de diversos artigos que impulsionam as pessoas a utilizarem a plataforma, para contribuir com uma causa de educação global.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o fundador Salman Khan participa de lives na página oficial do Facebook, compartilhando melhores práticas de estudo em casa e sugerindo planos de aula eficientes. No Brasil, a Khan desenvolveu uma série de novos recursos para ajudar pais e professores na forma de artigos que orientam a utilização da plataforma durante o período de fechamento das escolas e aprendizagem remota.

Há também quem esteja aproveitando o período das pessoas em casa para vender cursos à distância. A Via Certa Educação Profissional, rede com atuação no mercado de cursos profissionalizantes, enxergou uma maneira de reinventar o seu negócio. Após as pessoas ficarem em quarentena em suas casas, em virtude da pandemia, a franqueadora buscou uma forma de fazer com que os alunos utilizassem o tempo ocioso para se profissionalizarem. A nova medida, que já está valendo em todas as 30 operações da rede, é aberta para os mais de 30 cursos profissionalizantes e preparatórios para concurso público e acadêmico, da área de administração e vendas; beleza; idiomas; minas e energia; saúde, e preparatório.

A matrícula é fechada por telefone, em seguida, um office boy vai até a casa do aluno para entregar o contrato, carnê para pagamento e pegar a assinatura dele. A coordenadora pedagógica, então, entra em contato com o aluno por telefone ou chamada de vídeo para explicar o contrato, os benefícios que a escola oferece e esclarecer dúvidas, bem como, explicar como o aluno fará suas aulas. Em seguida, o professor liga para o aluno para passar o código e senha de acesso da plataforma online e orientá-lo como entrar nas aulas individualizadas e/ou aulas por videoconferência. Por fim, o aluno é adicionado em um grupo de estudantes para compartilhar dúvidas em comum.

Indústria

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus está afetando a indústria brasileira, de acordo com pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entre os principais problemas citados, estão a queda na demanda por seus produtos, a dificuldade em conseguir insumos e matérias-primas e a redução da oferta de capital de giro no sistema financeiro.

Segundo a sondagem Consulta Empresarial, 92% das indústrias consultadas estão tendo impactos negativos. Desse total, 40 pontos percentuais correspondem a empresas muito afetadas, 27 pontos a empresas medianamente afetadas e 25 pontos a empresas pouco afetadas. Um total de 5% das indústrias não foram afetadas pela pandemia, mantendo a rotina, e 3% relataram impactos positivos.

Em quatro de cada dez indústrias consultadas (41%), a produção foi interrompida por conta da crise. Em 23% das empresas, a produção está paralisada por tempo determinado. Em 18%, a produção está interrompida sem previsão de retorno. Quarenta por cento reduziram a produção, dos quais 19 pontos percentuais de forma intensa. Apenas 5% das empresas aumentaram a produção.

Em relação à queda na demanda, 79% das indústrias pesquisadas perceberam redução nos pedidos. Mais da metade das empresas (53%) apontam que a queda foi intensa. Apenas 7% relataram alta da demanda por seus produtos. Sobre a obtenção de matéria-prima ou insumos, 86% das empresas estão com dificuldade, das quais 37 pontos percentuais relataram muita dificuldade. Apenas 15% continuam a obter insumos e matérias-primas com normalidade.

Conforme a pesquisa, 83% das indústrias consultadas enfrentam dificuldades na logística de transporte, tanto de produtos como de matérias-primas. Desse total, 38 pontos percentuais estão com muitas dificuldades. Somente 17% das empresas estão com o transporte funcionando regularmente.

Segundo o levantamento da CNI, praticamente três de cada quatro empresas consultadas (73%) enfrentam dificuldades para prosseguir com os pagamentos de rotina – tributos, fornecedores, salários, energia elétrica e aluguel, sendo que 42% relataram muita dificuldade para manter as contas em dia. Somente 3% das empresas estão com facilidade para manter os pagamentos.

O acesso ao crédito também está mais difícil para a indústria. Das empresas consultadas, 61% procuraram linhas de capital de giro. Considerando somente as que buscaram, 78% das empresas encontraram mais dificuldades no acesso, sendo que para 45% o acesso está muito mais difícil.

Entre as medidas tomadas pelas indústrias em relação aos empregados, 58% adotaram o trabalho domiciliar (home office), 47% deram férias para parte dos empregados, 46% afastaram empregados com sintomas e 35% recorreram ao uso do banco de horas. Um total de 21% separou equipes por turnos menores e 19% deram férias coletivas para todos os empregados. Até agora, 15% das empresas pesquisadas demitiram funcionários. A CNI, no entanto, adverte que as indústrias não conseguirão manter o emprego por muito tempo caso não haja ações relevantes de ajuda à população e às empresas.

Por outro lado, existem fabricantes que estão mobilizando suas indústrias para fazer o bem. Cerca de 50 indústrias do país integram uma rede para a produção de máscara face shields. O modelo é uma proteção facial, espécie de viseira, que auxilia no enfrentamento ao coronavírus. A meta é produzir 500 mil unidades até o dia 10 de abril e o material será para profissionais da saúde, que devem usar como complemento aos demais itens de segurança, como máscaras, luvas e touca. Coordenada pelo SENAI/SC e Associação Brasileira da Indústria da Ferramentaria (Abinfer), a estratégia começou com a identificação de produtores de moldes e, na segunda etapa, de empresas que fazem a injeção do plástico.

Essa mobilização tem o objetivo de articular uma rede de empresas da cadeia de fabricantes de moldes e matrizes dos fornecedores e clientes para que sejam agilizados o fornecimento de equipamentos de proteção aos profissionais da saúde, segundo a Abinfer.

Logística

Diante das circunstâncias atuais e da declaração feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia de coronavírus (COVID-19) representa um imprevisto para o setor de eventos e logística. A adversidade, no entanto, pede mudanças na categoria. Um exemplo é a Reconlog e a Recon Eventos que são atuam com estruturas metálicas revestidas em lona. Por causa do cancelamento de vários eventos tiveram que inovar para driblar a crise. O trabalho que era realizado para garantir o entretenimento e a cultura no país, agora está focado em atender à população, uma vez que a situação pandêmica é emergencial e demanda decisões práticas, ágeis e eficazes.

A tecnologia em galpões lonados é uma das soluções mais aceleradas. O grupo começou a construir uma segunda estrutura hospitalar para atender as demandas da população, em meio à crise pandêmica. A montagem do Centro Médico de Cajamar de Combate ao Coronavírus (CMCCC) iniciou-se no domingo, dia 22 de março. O pedido é composto de um galpão e duas tendas, com 22 leitos, duas salas de inalação, cinco consultórios, uma farmácia, copa e seis sanitários, além de contar com geradores, ar-condicionado, iluminação e outros itens adicionais. Outro ponto é atuar com a distribuição de doações, uma vez que muitas companhias estão focando suas ações em prol da população.

Além disso, o momento pede que as pequenas e médias empresas foquem em seu sistema logístico. Para Juca Oliveira, CEO da B2Log, não é recomendado que um PME gerencie mais de quatro transportadoras simultaneamente. Ao invés disso, ele sugere buscar ajuda de parceiros, que ajudem inclusive com o preço. Para o especialista, os Correios estão perdendo espaço com as transportadoras, mas as PMEs não terão tanta chance de fugir do uso da estatal. Se a empresa estiver em São Paulo, por exemplo, vale buscar transportadoras do estado. Ainda assim, os Correios não devem ser deixados de lado a fim de ser um reforço logístico.

Digital

Associação Brasileira dos Agentes Digitais realizou um levantamento com seus associados para medir os impactos da pandemia do COVID-19 no ecossistema de marketing digital brasileiro. A pesquisa apontou que 80% dos agentes já tiveram pelo menos um contrato de prestação de serviços com escopo de trabalho reduzido. E mais 17% das empresas acusaram um golpe ainda mais duro com mais de quatro contratos renegociados desde o início da crise. O número de agentes com contratos cancelados foi significativamente menor, 54%, o que demonstra que os anunciantes e agências estão negociando alternativas para manutenção dos negócios, ainda que isso possa significar uma expressiva redução no volume de serviços oferecidos.

Como consequência 62% das empresas projetam uma redução entre 10% a 30% no faturamento de abril. Os agentes de menor porte por sua vez esperam um cenário mais pessimista, mais de um terço dos associados com menos de 30 funcionários acredita que o impacto neste período será superior a 30%, o que tornaria sua sobrevivência financeira ainda mais crítica.

Mas nem todos os serviços digitais estão sendo impactados da mesma maneira. Cortes mais significativos foram apontados na produção de vídeos e no agenciamento de mídia digital. Por outro lado, os próprios agentes enxergam oportunidades em serviços de e-commerce e de social media, o que indica que a diversificação do portifólio de serviços pode ser uma alternativa viável para contornar os efeitos da crise. Todas as marcas estão buscando alternativas para aumentar a presença digital e a digitalização dos seus produtos e serviços. A transformação digital que antes era uma estratégia de negócios, agora é uma estratégia de sobrevivência. Os agentes digitais que ajudarem as empresas a cruzarem este caminho, poderão construir novos negócios durante a crise.

Outro dado importante apontado neste levantamento é que os profissionais dessa área estão resistindo ao corte de funcionários, apesar de já estarem sob os efeitos negativos da crise: 85% dos participantes alegaram que ainda não fizeram demissões e apenas 6% demitiram mais do que quatro colaboradores. Este efeito pode ser avaliado sob dois ângulos distintos. As empresas estão fazendo contas e perceberam que pode custar mais caro demitir seus talentos e posteriormente ter que substitui-los. Além disso os agentes digitais e as empresas dos demais setores produtivos estão conscientes do papel social do empregador na busca pela manutenção do trabalho para enfrentamento da crise.

Turismo

O turismo foi, sem dúvidas, o primeiro setor a sofrer com as medidas restritivas de circulação de pessoas, impostas em caráter global para prevenir o agravamento da pandemia do Covid-19. O fechamento de fronteiras nacionais e as eventuais proibições de trânsito locais, sobretudo as implementadas em cidades litorâneas, praticamente zeraram as atividades do segmento. Para complicar ainda mais, os pacotes de viagem, geralmente negociados com ampla antecedência, provocaram um sensível cenário de conflitos, tanto para viajantes quanto para os próprios operadores turísticos.

Para Jayme Petra de Mello Neto, especialista em Direito cível e societário, um apoio importante foi a Medida Provisória nº 948, publicada recentemente. O decreto estabelece uma série de regras referentes aos contratos celebrados antes da instauração da situação crítica e diz respeito a pacotes turísticos, viagens e eventos em geral. São previstas soluções de caráter transitório para os conflitos ocasionados pela pandemia, visando assegurar os direitos do consumidor e também preservar as relações contratuais, criando condições para evitar simples rupturas dos negócios.

Dentre os principais pontos regulados pela MP n° 948/2020 estão o direito do consumidor de cancelar serviços, reservas e eventos cujo cumprimento foi impossibilitado pela pandemia. Entretanto, se o cliente aceitar as medidas de reparação de danos, como o reagendamento dos serviços, reservas e eventos ou, ainda, a concessão de crédito para compras futuras, não há obrigação do prestador em ressarcir integralmente o consumidor.

De modo geral, as regras estabelecidas pela medida provisória procuram evitar a judicialização dos conflitos, entendendo que eventuais prejuízos neste momento são resultantes de caso fortuito ou força maior, desobrigando reparação por danos morais, multas ou outras penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor.

Companhias aéreas, hotéis e agências de viagens foram os primeiros a sentir o impacto do isolamento social com a paralização dos serviços e diversos cancelamentos. Campanhas como o Ministério do Turismo vem fazendo “Adie, não cancele”, vem reforçando a importância de apoiar o setor e manter empresas abertas. O risco de falência existe, porém há marcas que vem se desdobrando para criar uma barreira contra a crise.

É o caso da Hurb, agência online de viagens nacional, que lançou um pacote de viagem com validade a partir de 2022. Chamado de "7 maravilhas do mundo", o produto oferece a oportunidade de, em uma só viagem, conhecer lugares como Cusco, Cancun, Roma e Nova Déli. Tendo como conceito que "Tudo vai passar, menos sua vontade de viajar", a empresa lançará ainda uma espécie de desafio para os seus viajantes: uma "caça ao tesouro" para um pacote das 7 maravilhas grátis.

Para os que não derem sorte com o game, o pacote 7 maravilhas do mundo está à venda no site da empresa por R$ 36 mil e inclui passagem aérea entre todos os países e hospedagem nas cidades de Rio de Janeiro, Cusco, Cancún, Roma, Petra, Pequim e Nova Déli, totalizando 28 diárias. Há opções de saída do Rio de Janeiro e São Paulo. O consumidor que optar por aéreo saindo do Rio (por provavelmente residir no destino) não ficará hospedado na cidade e, por isso, terá uma diária a mais em outros destinos. Os passeios às sete maravilhas ficam por conta do viajante.

A compra pode ser parcelada em até 30 vezes no boleto bancário, sem consulta ao SPC e Serasa. A oferta é válida para viajar entre 01 de março e 30 de novembro de 2022, exceto o mês de julho e semanas de feriados. Além desse, outros pacotes atrativos foram oferecidos, como um pacote para a Disney por R$ 999,00. As promoções fizeram com que a companhia equiparasse o volume de vendas em março e abril ao período de Black Friday, quando costuma acontecer o pico de vendas. A exceção do setor surpreendeu os diretores da empresa – toda a empresa mudou para não haver perdas e reclamações dos clientes. Todos os funcionários passaram a trabalhar de casa, mudando ferramentas de trabalho do dia para a noite e decentralizando a operação. Cada colaborador passou a agir de forma ativa, até mesmo gerentes passaram a atender chats para desafogar as filas. Com isso, a Hurb se tornou um case forte de inovação na área.