Integração digital na Educação: mais que tendência, uma necessidade
Só 1% dos gastos familiares na internet são com produtos e serviços educacionais. Startup cria lojas virtuais sem custo para escolas brasileiras a fim de preencher lacuna do setor
Por Redação - 05/09/2018 Cases

O uso de tecnologias para otimizar o tempo de trabalho dos profissionais da escola já não é novidade: diversas escolas contam com softwares que auxiliam seus processos. O que não acontece com tanta frequência é a integração dessas soluções com as necessidades de pais e alunos. Esse tipo de ferramenta deve proporcionar benefícios não só para a escola, mas para todos os membros inseridos nessa comunidade. A integração digital permite que a escola se comunique com os pais de forma rápida, automatizada e econômica. Por isso, esse item se destaca entre as tendências do mercado educacional.
O envio de notificações de atrasos na mensalidade, a possibilidade do próprio pai reemitir seus boletos em atraso, a atualização da agenda e do calendário escolar, os pagamentos de eventos e materiais extras e outras soluções minimizariam o tempo de espera por atendimento e o número de requerimentos recebidos pela secretaria. Automatizar as tarefas traria vantagens para quem depende desse setor de alguma forma. Apenas um número mínimo de escolas, no entanto, investe em plataformas tecnológicas.
O mercado educacional movimenta 110 bilhões de reais por ano, mas ainda está longe do e-commerce. "Apenas 1% das compras realizadas pelas famílias se destinam à vida escolar de crianças e adolescentes. O curioso é que, analisando o ano letivo, existem muitos gastos que acabam aparecendo e que poderiam ser simplificados. Pedidos de materiais avulsos, por exemplo, hoje dependem de um pai levar na porta da escola", conta Erick Moutinho, Sócio da Eskolare, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Inovação
A Eskolare vem investindo em uma solução para reverter esse cenário – e tem conseguido resultados promissores. A startup, que tem seis meses de mercado, partiu da ideia de criar uma solução para os pais, que antes tinham que gastar tempo lidando com diversos fornecedores de material escolar, livros, excursões e uniformes. Agora, podem fazer as compras a qualquer momento, de forma de ágil e cômoda em uma única plataforma digital.
Hoje, a empresa atende mais de 30 escolas e contabiliza mais de 2,5 milhões de vendas. A expectativa para 2018 é chegar até 120 escolas e um volume de transação de 10 milhões de reais. “Podemos vender qualquer coisa referente ao universo escolar, como cursos extracurriculares, excursões, passeios e até viagens de intercâmbio e férias”, conta Erick.
Para o crescimento da startup foi captado um aporte de 1,2 milhão de reais de catorze importantes investidores de diferentes setores, como Leonardo Teixeira, investidor anjo profissional há quatro anos e Everson Ramos, investidor com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro.
Conveniente para todos
Com desembolso zero, as escolas também se beneficiam com redução de custos de gestão de fornecedores, de processos administrativos, no atendimento às famílias e até no aumento de produtividade. “Dessa forma a instituição pode focar em outras prioridades, porque ficam liberadas de lidar com vendas, entregas, inadimplência e taxas de cartões. A logística e administração fica por nossa conta. Em apenas cinco dias essa loja está montada do jeito que o gestor precisa”, afirma Erick.
Na outra ponta estão as empresas interessadas em vender: elas passam por uma curadoria para entrar na plataforma. A Eskolare cobra uma comissão desses fornecedores, em uma média de 15% a 30% por venda realizada. Ou seja, otimiza a ação de diversas frentes. Dos pais, com o conceito “one-stop-shop” – em um único lugar resolvem tudo o que precisam para a vida escolar dos seus filhos; da instituição, ao evitar custos de estoque com compras e vendas de materiais, reduzem o tempo de atendimento às famílias e as mensalidades, além da vantagem competitiva; e fornecedores, porque ganham um novo canal de distribuição e aumentam suas margens, já que ao vender para cada família há uma negociação direta.
O modelo tem tudo para agradar diversas gerações, uma vez que há pais Millennials. "As crianças já são conectadas e tendem a buscar tudo que está no virtual. Os pais, por sua vez, também são nativos digitais e tem abertura para inovações. Mesmo quem pertence ao grupo X ou os avós, também se interessam, porque oferece conveniência. Essa é a palavra-chave”, pontua o sócio da Eskolare.
Desafios
Tendo em sua carta de clientes escolas tradicionais, a startup entende que investir nesse modelo tem como maior desafio a mudança de mentalidade das lideranças da escola. “Muitos acreditam que inovar é complicado e caro, mas oferecemos a solução já pronta. A parte de comunicação aos pais é a única função que a escola terá, efetivamente. Esse responsável, se souber da existência desse tipo de ferramenta, ele mesmo cobrará da escola essa facilidade”.
A Eskolare já atua em diversos estados e pretende implantar a venda por representantes em algumas cidades. Dessa forma, ela almeja ampliar para até 200 escolas brasileiras, além de uma expansão internacional. Outra expectativa são as novas parcerias, como a feita com a Ingresso Rápido, marketplace de tickets e entretenimento ao vivo da América Latina. A ideia é que as famílias encontrem, em um único lugar, mais possibilidades para adquirir conhecimento e bagagem cultural. Os pais e alunos da região Sul e Sudeste serão os primeiros a aproveitar os roteiros na plataforma.