Inovação como resposta aos momentos de crise
Como um movimento natural, no Brasil, as empresas buscam o aumento de eficiência, ou produtividade, na redução de custos, despesas e investimentos programados com o objetivo de garantir uma maior rentabilidade e maior fôlego ao c
Por Redação - 28/09/2011 Artigos
<p>Por Wagner Pereira*<br /> <br /> Com a recente crise fiscal instalada nos pa&iacute;ses desenvolvidos, seu reflexo sobre a confian&ccedil;a dos investidores, e consequentemente sobre o mercado de capitais brasileiro, as empresas e o pr&oacute;prio governo passaram a atuar com cautela, buscando um aumento de efici&ecirc;ncia que assegure a sobreviv&ecirc;ncia da organiza&ccedil;&atilde;o em um cen&aacute;rio de crise e recess&atilde;o que pode se alongar por mais de dois anos.<br /> <br /> Como um movimento natural, no Brasil, as empresas buscam o aumento de efici&ecirc;ncia, ou produtividade, na redu&ccedil;&atilde;o de custos, despesas e investimentos programados com o objetivo de garantir uma maior rentabilidade e maior f&ocirc;lego ao caixa das opera&ccedil;&otilde;es. No entanto, ser&aacute; que esta &eacute; a &uacute;nica maneira de se preparar para per&iacute;odos econ&ocirc;micos nebulosos?<br /> <br /> Uma organiza&ccedil;&atilde;o enxuta, com gastos abaixo da m&eacute;dia do mercado em que atua, com certeza tem uma importante vantagem competitiva frente a seus concorrentes, especialmente em um per&iacute;odo de crise econ&ocirc;mica. Mas essa vantagem baseada em custo n&atilde;o garante a lideran&ccedil;a ou cria bases s&oacute;lidas para o crescimento da empresa no longo prazo.<br /> <br /> Um bom exemplo de empresa que conseguiu criar uma base s&oacute;lida de crescimento mesmo em per&iacute;odos adversos &eacute; a Apple, que em meio ao turbilh&atilde;o da crise tornou-se, mesmo que momentaneamente, a empresa mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de mais de 350 bilh&otilde;es de d&oacute;lares. Essa marca significa que a Apple vale mais que o dobro do Google, mais que a Microsoft e Intel juntas e treze vezes mais que seu principal concorrente no segmento de computadores, a Dell.<br /> <br /> A compara&ccedil;&atilde;o com seu principal concorrente tamb&eacute;m mostra a diferen&ccedil;a de desempenho das empresas na forma de valor de mercado. A Apple passou de 127,81 bilh&otilde;es de d&oacute;lares e duas vezes o valor da Dell, em julho de 2007, para 355,61 bilh&otilde;es de d&oacute;lares e 13 vezes o valor da concorrente em agosto de 2011.<br /> &nbsp;<br /> <img width="568" height="274" src="/images/materias/Wagner-Pereira_grafico.jpg" alt="Inova&ccedil;&atilde;o como resposta aos momentos de crise" /><br /> <br /> &Eacute; interessante ainda adicionar que n&atilde;o estamos falando de qualquer concorrente. A Dell foi a empresa que revolucionou a comercializa&ccedil;&atilde;o e presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os p&oacute;s-venda dos computadores pessoais com um modelo de vendas diretas e alto n&iacute;vel de customiza&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os e produtos, fazendo com que gigantes como IBM e Compaq perdessem espa&ccedil;o no mercado e vendessem suas opera&ccedil;&otilde;es no segmento.<br /> <br /> Mas qual a explica&ccedil;&atilde;o do desempenho superior da Apple, mesmo em um cen&aacute;rio adverso no p&oacute;s-crise de 2008? A explica&ccedil;&atilde;o para o desempenho superior da Apple em rela&ccedil;&atilde;o a seus concorrentes reside em diversos fatores, desde sua lideran&ccedil;a at&eacute; o processo de pesquisa e desenvolvimento, mas que podem ser resumidos em uma &uacute;nica palavra: inova&ccedil;&atilde;o. Como evid&ecirc;ncia do car&aacute;ter inovador da empresa, a Apple foi eleita a empresa mais inovadora do mundo em 2011 pela Fast Company, importante ve&iacute;culo americano relacionado a tecnologia, inova&ccedil;&atilde;o e design.<br /> <br /> O principal diferencial entre o processo de inova&ccedil;&atilde;o da Apple e de seus concorrentes &eacute; que na primeira este processo &eacute; centrado no ser humano. Todos novos produtos e servi&ccedil;os da Apple buscam atender necessidades que em alguns casos as pessoas nem t&ecirc;m consci&ecirc;ncia e transformar a intera&ccedil;&atilde;o dos consumidores em uma experi&ecirc;ncia &uacute;nica, sem precedentes no mercado em que atua. Ano ap&oacute;s ano, a empresa revoluciona o mundo de tecnologia com novos produtos e servi&ccedil;os que mudam a maneira como as pessoas vivem, trabalham ou se divertem.<br /> <br /> O Ipad &eacute; um caso cl&aacute;ssico. Antes de ser lan&ccedil;ado, as pessoas n&atilde;o tinham consci&ecirc;ncia da necessidade de um tablet e estavam plenamente satisfeitas com seus smartphones, netbooks e laptops. Logo ap&oacute;s o lan&ccedil;amento, algumas pessoas ainda duvidaram do futuro do produto por n&atilde;o conseguirem enxergar utilidade ou benef&iacute;cio adicional na utiliza&ccedil;&atilde;o do mesmo. Hoje, ap&oacute;s mais de 30 milh&otilde;es de unidades vendidas, poucas pessoas duvidam da utilidade de um Ipad e empresas como a HP, l&iacute;der mundial na venda de computadores, j&aacute; aceitam a ideia de que o tablet representa o futuro da computa&ccedil;&atilde;o pessoal. Isso representa inova&ccedil;&atilde;o com foco no ser humano: desenvolver produtos e servi&ccedil;os inovadores que atendam necessidades que nem as pessoas sabem que t&ecirc;m. <br /> <br /> Este &eacute; o meio de gerar um diferencial competitivo frente aos concorrentes: inovando, desenvolvendo novos produtos, servi&ccedil;os ou modelos de neg&oacute;cio que tenham foco no ser humano. Esta abordagem &eacute;, comprovadamente, mais eficiente que qualquer redu&ccedil;&atilde;o de custo na sustentabilidade do neg&oacute;cio no longo prazo.<br /> <br /> * Wagner Pereira &eacute; Gerente de Estrat&eacute;gia da OThink, pos graduando em Ci&ecirc;ncia do Consumo pela ESPM e tem gradua&ccedil;&atilde;o em Economia pela USP. </p>