Por que, nos dias de hoje, empresas adotariam o demarketing como estratégia?

Sim, o demarketing existe. O conceito foi apresentado pelo “pai do marketing moderno”, Phillip Kotler e Sidney Levy, no artigo “Demarketing, yes demarketing”, publicado pela Harvard Business Review, em 1971. Na contramão da concepção tradicional da maior parte das estratégias das marcas do mundo, que usam o marketing para alavancar a demanda e desejo por produtos e serviços, o demarketing por sua vez não mede esforços para reduzir ou desencorajar a procura de clientes em geral ou uma determinada classe de clientes de forma temporária ou permanente.

Mas por que, nos dias de hoje, empresas adotariam o demarketing como estratégia? Esta “visão” do marketing surge claramente num período quando:

1- a demanda é maior que a oferta, o que pode gerar novos concorrentes ou uma possível ruptura no abastecimento de produtos;

2 – existe a gestão de uma escassez  de recursos temporária ou permanente (água, petróleo, trigo, etc) e o demarketing pode ser utilizado para reduzir ou controlar a demanda, através de estratégias como o rateio do recurso ou um aumento do preço;

3 –  a cadeia de distribuição é ausente ou deficiente; 4 – é preciso minimizar o risco ao meio ambiente ou às pessoas, como por exemplo, controlar a venda de produtos nocivos à saúde ou à natureza;

5 –  é necessário realizar uma qualificação de clientes, ou seja, definir um público alvo para um produto ou serviço, estimulando ou desestimulando o consumo de um segmento de clientes; entre outros.

Demarketing no varejo 

Quando se trata do varejo, o conceito de demarketing já faz parte de muitas estratégias e ações. Veja alguns exemplos:

1 – Cobrar por sacolas plásticas ou fazer campanhas de conscientização para clientes com objetivo de reduzir o do consumo de sacolas plásticas;
2 – Incentivar e promover práticas sustentáveis, como a utilização de refis de produtos, reciclagem de embalagens e ações de combate ao desperdício de alimentos, por exemplo.

3 – Não promover ou diminuir o espaço, visibilidade e abastecimento nas gôndolas de produtos que dão menor margem de contribuição;

4 – Oferecer frete fixo para determinado valor de compras online, o que desencoraja o consumidor a comprar poucos itens;

5 – Limitar a quantidade de compra de um produto por CPF, com intenção de controlar a demanda ou conscientizar clientes, como no caso de produtos nocivos à saúde ou meio ambiente (bebidas alcóolicas, cigarros, com alto teor de açúcar, sal ou gorduras);

6 – Não vender por atacado ou vender produtos e serviços a preços mais altos para segmentar o público de interesse;

7 – Realizar promoções de produtos em dias ou horários específicos, com estoques muito limitados, causando senso de urgência de compra nos clientes.