Homem não chora, não pode manifestar sentimentos, não deve demonstrar medo, fraqueza, vulnerabilidade ou qualquer comportamento tido como "feminino", vivendo sob a ameaça oculta de manchar a sua reputação. Essa visão, construída há décadas pela sociedade patriarcal, é atualmente chamada de masculinidade tóxica, um termo que muitas pessoas desconhecem, mas que ganhará cada vez mais força junto com outras pautas relacionadas à igualdade de gênero e diversidade.
Mais da metade dos homens já foi chamada de ‘gay' ou 'afeminado’ por ter expressado algum sentimento, segundo dados do estudo “A nova masculinidade e os homens brasileiros”, feito pelo Google BrandLab São Paulo. Num contexto social onde essas designações assumem (mesmo não tendo) um peso pejorativo – justamente por contrariarem os "ideais da masculinidade" – isso gera ainda mais opressão e sentimento de inadequação.
As buscas por "masculinidade tóxica" são um fenômeno recente que ainda não traz números expressivos no Brasil. Porém, em alguns países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido, o interesse pelo termo cresce ano após ano. metade dos homens brasileiros ainda acredita que o machismo é tão ruim quanto o feminismo. Isso demonstra que o machismo começa a ser visto como um problema, porém, que o feminismo também é visto assim.
Referências
A Nova Masculinidade está nascendo com o propósito de abranger todas as formas de ser homem, aceitando e acolhendo masculinidades possíveis, livres de estereótipos opressores. Esse movimento garante condições mais igualitárias e saudáveis, onde os homens têm espaço para serem mais humanos e se expressarem sem a ameaça de colocar qualquer coisa em risco, seja sua imagem, seja seu bem estar psicológico.
Contudo, já existem blogs e canais no YouTube onde muitos homens estão discutindo a Nova Masculinidade. A internet virou um espaço seguro para debater e aprender. Dá para entender as possibilidades, perguntar, ouvir e especialmente encontrar novos modelos acolhedores e empáticos que fogem dos padrões opressores nos quais se espelhar, algo que nem sempre é possível na vida real pelo medo dos julgamentos. Cerca de 40% da audiência do YouTube, quando o assunto é cuidados infantis, já é masculina.
Além disso, no último ano, a visualização do público masculino em vídeos de beleza, cresceu 44% – 30% dos entrevistados declararam assistir vídeos sobre produtos de beleza e cuidados pessoais para homens. Outro dado importante é que 49% deles discutem cuidados pessoais e trocam dicas de produtos quando perguntados sobre o assunto. Hoje, para 93% dos entrevistados, cuidar da aparência é importante, sendo que 90% já usaram cosméticos.
Machismo
Quando questionados sobre cuidados com a casa, para 34% dos entrevistados, o homem moderno também assume as tarefas domésticas. Em relação à família, 88% afirmam que ser um bom pai consiste em participar ativamente do dia a dia dos filhos
No entanto, um terço dos homens gostaria de ter mais liberdade para compartilhar seus sentimentos, isso porque 78% dos homens ouvidos na pesquisa concordam que existe machismo no Brasil. Entre as buscas relacionadas ao tema, o termo “machismo no Brasil”, pulou da nona posição para terceira em volume de busca, ficando atrás apenas de “o que é machismo” e “o que é ser machista”, e crescendo 263% nos últimos dois anos.
Para o Google, é importante perceber que repensar a masculinidade como conhecemos hoje é uma transformação necessária e sem volta, que vai beneficiar essa geração e as futuras gerações de homens. E olhar para o digital como ferramenta para conectar as pessoas e promover este diálogo é uma grande oportunidade para marcas que tenham a ambição de ser mais do que meros espectadores nesse processo.
Os especialistas do BrandLab analisaram dados da busca do Google e do YouTube, duas das maiores plataformas digitais do mundo, para entender como os homens tem se comportado e mudado nos últimos tempos. Foi realizada ainda uma pesquisa on-line (Google Consumer Survey), com 700 homens de 25 a 44 anos.
Veja o infográfico A Nova Masculinidade e os Homens Brasileiros.