Omelete: de site de quadrinhos a canal geek com receita de R$3 milhões 13 de junho de 2013

Omelete: de site de quadrinhos a canal geek com receita de R$3 milhões

         

Empresa diversifica modelos de divulgação e atrai marcas de diferentes segmentos que querem conquistar o mercado Geek. Consumidores engajados são exigentes e valorizam experiência

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O Omelete investe na diversificação dos modelos de divulgação e passa de R$ 400 mil para R$ 3 milhões de receita em dois anos. O site voltado para o universo geek nasceu da parceria entre os amigos de infância Érico Borgo e Marcelo Forlani, que buscavam na internet informações sobre quadrinhos. A página ampliou seu foco para além dos personagens das revistas e possui também áreas voltadas para cinema, games e música. Em 2013, o Omelete se prepara para estrear seu programa em um canal de televisão e planeja a produção de feiras internacionais no Brasil.

O site já firmou parcerias de conteúdo com marcas como Intel e Microsoft, que fazem parte do contexto geek, e outras como Citroen e Subway que buscam sua parcela neste mercado. Essa diversificação acontece porque o público geek saiu do estereótipo de inaptidão social e sedentarismo e ganhou status de modelo aspiracional para a nova geração. Estes consumidores contam com ícones como o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg e são representados por diversos jovens diretores de startups. 

Os geeks representam um mercado lucrativo composto por consumidores exigentes que buscam conteúdo aprofundado, valorizam experiências exclusivas, produtos raros e edições limitadas. “O consumo vai além de produtos geeks. Este público consome roupas, carros, alimentos. Sendo assim, as empresas buscam estes consumidores nos canais em que interagem e aproveitam para se aproximarem. Nossa empresa investe em pesquisas para conhecer estes hábitos”, diz Renato Paiva, Diretor Comercial da Omelete, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Mundo do Marketing: Como vocês perceberam a oportunidade para criar o site Omelete?

Renato Paiva: O Omelete começou há 12 anos como um site de quadrinhos. A ideia veio de dois amigos de infância, Érico Borgo e Marcelo Forlani. Eles são geeks e na época não encontravam conteúdo sólido na internet. Os quadrinhos têm muito apelo porque criam super-heróis que combatem contra o mal e esta é uma receita que dá muito certo entre os jovens. Com o tempo, o formato se expandiu dos quadrinhos para os cinemas e dos cinemas para as séries de TV e Games.

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Mundo do Marketing: Qual foi o caminho para se consolidar como um veículo de críticas de cinema?

Renato Paiva: Como o Omelete tinha bastante conhecimento de quadrinhos, que são a base dos filmes de heróis, começou a comparar os novos filmes e games sobre o tema com o conteúdo que já tinha. Dessa forma, o site acompanhou o mercado e abriu novas áreas, como uma editoria para games, uma para quadrinhos e outra para cinema. Porém, acabou se consolidando mesmo como um site de cinema, devido às criticas bem embasadas, somado à demanda do público por esse tipo de informação.

Mundo do Marketing: Como o site se monetiza atualmente?

Renato Paiva: Em 2011, nossa receita era de aproximadamente R$ 400 mil por ano, vinda exclusivamente de formatos publicitários tradicionais. Em 2012, com a diversificação dos tipos de publicidade e criação de novos produtos, faturamos R$ 3 milhões. Com o alcance de 500 mil fãs no Facebook, nos tornamos uma solução para as agências de publicidade porque além do nosso público visualizar os anúncios no site, ainda conseguimos levá-los para outras ativações de produtos que cruzam com seus interesses. Nossos rendimentos estão divididos assim: 60% são de anúncios e 40% vêm de engajamento, produtos, eventos e materiais promocionais.

Mundo do Marketing: O alto índice de engajamento foi o que despertou o interesse das marcas, mesmo daquelas que não estão diretamente relacionadas com o universo geek?

Renato Paiva: Sim. Já fizemos eventos com a Microsoft, Citroën, Warner Bros, Intel e Subway também. Para o lançamento do jogo Forza, fizemos uma matéria contando o histórico dos jogos desde o Atari até hoje. A Microsoft entrou com publicidades nesta matéria e como temos grande alcance nas redes sociais, atraímos muita gente. Mais uma vez, engajamos o público com o conteúdo e com a publicidade. Para completar, fizemos um evento em um cinema em São Paulo para internautas selecionados em um concurso cultural. O evento combinou costplay, gravação do programa com a pauta jogos de carro e um campeonato do Forza cuja final foi disputada na tela do cinema. Foram 400 pessoas impactadas, fora o alcance gerado pelas redes sociais.

Mundo do Marketing: Como foi a parceria com a Citroën, que não está relacionada diretamente com o esteriótipo geek?

Renato Paiva: Criamos o Cine Clube Citroën e gravamos um programa com pauta sobre cinema francês no Café Citroën, espaço localizado na Oscar Freire, em São Paulo. Convidamos influenciadores como diretores de arte de agências de publicidade, diretores de mídia e blogueiros. A primeira pauta foi sobre diretores de cinema que trouxeram uma nova visão. Tudo foi alinhado com o lançando do novo C3.

Mundo do Marketing: E como foi a parceria com a Intel?

Renato Paiva: Realizamos uma maratona onde nossos editores ficam de 12 a 24 horas jogando um game direto e com transmissão ao vivo pela internet. Em um desses episódios, o computador queimou. Acontece que um dos responsáveis pela Intel estava assistindo e fez a proposta de patrocínio. Na maratona seguinte, foram usados dois notebooks com processadores da marca. Durante o jogo, os editores ficam com o Twitter aberto para perguntas e respostas: eles leem e respondem em tempo real, o que aumenta a interação. Neste mesmo programa, também contamos com o apoio da Subway que buscava se posicionar como uma opção de fast-food mais light.

Mundo do Marketing: Qual o perfil dos usuários do Omelete?

Renato Paiva: A maior parcela está entre 18 e 35 anos, mas também temos internautas mais jovens e mais velhos. O público é ligeiramente mais masculino. Temos um histórico que aponta para 55% de homens.  O perfil sócio-econômico é bastante variado, mas predomina nas classes C+ e B+. 

Mundo do Marketing: Quem é o público geek?

Renato Paiva: Enquanto o nerd tem mais dificuldade de interação social e prefere ficar no sofá assistindo séries de TV e jogando videogame, o público geek também gosta das mesmas atrações, mas tem amigos, pratica esportes e é bem sucedido profissionalmente. O Mark Zukeberg é geek, o Cauã Reymond também falou para o Omelete que se considera geek porque colecionava e lia quadrinhos quando criança. Os sócios do Omelete também são um bom exemplo disso: praticam esportes, vão ao jogo de futebol, têm convívio social e familiar. O geek amadureceu e muitos estão ocupando cargos altos em agências de publicidade, usando óculos retrô, camisas xadrez, falando várias línguas. Muitas startups são dirigidas por eles. Até o mais popular da escola gostaria de ser como eles: o geek é o novo aspiracional.

Mundo do Marketing: O que eles buscam?

Renato Paiva: É um público interessante, pois eles gostam muito de ser ouvidos. São questionadores e cultos, escolhem o filme ou a série muitas vezes pelo diretor, e conhecem até o histórico, currículo e os ideais da produção. Recebemos dos nossos internautas pedidos de matérias e vídeos sempre aprofundados. Eles fazem questão de ir ao cinema na pré-estreia e de ler as novidades em tempo real.

Mundo do Marketing: Entre os hábitos conhecidos deste público está a busca por objetos exclusivos, colecionáveis e de edições limitadas. Como se dá esse consumo?

Renato Paiva: Mesmo sendo caro ir a eventos e comprar este tipo de produto, se trata de uma paixão. Uma discussão entre leitores da Marvel e da DC Comics, por exemplo, funciona como a discussão de futebol sobre qual time ou jogador é melhor. Querem saber as novidades antes de todo mundo, e ter produtos desde copos e chaveiros até figuras de personagens. Os objetos servem para mostrar aos amigos, funcionam como outra forma de consumir entretenimento.

Mundo do Marketing: O Omelete pretende se inserir em novas plataformas? Quais?

Renato Paiva: Uma das novidades é a distribuição da série “Nerd of the dead” que é uma sátira sobre o apocalipse zumbi. Estamos também trabalhando na produção de novos aplicativos e games. Neste ano, pela primeira vez vamos para um canal de televisão. Estamos acertando um horário para a Omelete TV e temos projetos também de trazer feiras internacionais para o Brasil.

Veja também no acervo do + Mundo do Marketing: "Perfil Geek desperta interesse de marcas por público engajado e fiel"
Mercado foca em artigos inspirados em filmes, seriados, games e quadrinhos. Existem sites, revistas, lojas de roupas e objetos de decoração voltados para estes consumidores



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